quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O sonho perfeito

Que perfeita foi aquela tarde de praia. O Sol brilhava lá no alto do céu, como um diamante gigante exposto à luz. A areia, quente e fina, envolvia-me os pés ao caminhar. A água cristalina, de tom esmeralda, reflectia o céu. Aquele lugar era uma verdadeira dádiva da Natureza.
Mas onde estavam as pessoas? Seria possível que num dia tão belo, a praia estivesse deserta? Na realidade estava.
O calor apertava e aquela água cristalina era um tesouro. Então fui até à água e mergulhei… Uma imensa calma invadiu-me por completo.
Nadei para uma gruta lá perto, entrei e sentei-me numa pedra. Aquele lugar era escuro e frio, tão escuro e frio que se tornava medonho, o oposto da praia. Então voltei para aquele lugar perfeito, donde não devia ter saído.
Quando cheguei, o Sol punha-se, por isso fiquei ali a contemplar e a guardar aquele momento magnífico e sereno. Aquele momento transmitia tudo o que há de bom… Deitei-me sob a areia a olhar o céu, de tons laranja e rosa, fechei os olhos e pensei: “Mas que paraíso”.
Passado algum tempo abri os olhos, aquele lugar tinha desaparecido. Afinal não passara de um sonho que agora só me restava guardar. Nunca vou esquecer aquele lugar perfeito, só meu, que espero poder voltar a visitar.

Susana Monteiro, 9ºF, Nº24

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

À beira-mar

Estou parado ao volante porque o sinal está vermelho. Olho distraidamente pela janela e vejo-a. Fico enfeitiçado pela visão, como se de uma cena de filme romântico se tratasse.
Elegantemente vestida, de fato escuro e camisa branca, aparenta estar na casa dos vinte, ou talvez um pouco mais. A sua figura é esguia e os seus cabelos cor-de-mel são longos, soltos ao vento do fim da tarde, de um dia de Outono, onde o sol já se quer pôr. No rosto, de traços suaves, sobressaem os seus olhos, grandes e amêndoados, cuja cor não consigo identificar. O nariz, um pouco arrebitado, dá-lhe um ar de menina-senhora e os seus lábios vermelhos, cor de sangue, parecem cantarolar.
De mãos nos bolsos, anda devagar, sem pressa de chegar. Diria que aproveita o passeio à beira-mar para descontrair, no fim de um dia de trabalho. Está de certa feliz! Sinto inveja!
Decido imitá-la e estaciono o carro, disposto a seguir-lhe o exemplo. Afinal, porquê tanta pressa? Vivemos sempre a correr, mesmo quando já não há motivo, como agora! Na vida, há pequenos momentos de prazer que simplesmente desperdiçamos sem dar conta. Foi pena não ter encontrado a minha “musa inspiradora”, porque queria dizer-lhe: “Obrigado”.

Ana Catarina Santos, 9º F

Tecnologia versus Família

Antigamente, a coisa mais importante para uma família era a própria família. Hoje em dia, esse valor vai sendo partilhado e posteriormente substituído pela tecnologia.
O que antes era passar uma tarde sossegada com a família, agora é uma tarde passada em casa em que os membros da família mal falam uns com os outros, por vezes dando a desculpa de que estão ocupados quando, na verdade, estão a passar tempo de qualidade com os seus aparelhos electrónicos. O pai fica encantado durante uma tarde inteira a ver o canal de desporto; o filho mais velho passa o dia a jogar consola; a filha mais nova lá vai dividindo o seu tempo entre o seu telemóvel de ultima geração e o leitor de música; já a mãe prefere passar o tempo a navegar pela internet à procura das fofocas sobre as celebridades.
Ao jantar sempre chega a haver conversa de circunstância, mas esta acaba de imediato quando começa a dar na televisão aquele programa espectacular muito conhecido. No entanto, o tal programa não é emitido às quintas, sextas e sabados, o que quer dizer que, nesses dias, ou eles procuram outro programa entre os duzentos e oitenta canais da televisão por satélite ou seguem um caminho mais perverso: têm uma conversa normal (em que por vezes a conversa sobre o leitor de música que saiu recentemente ou o novo canal de televisão, surge à baila).
A altura das férias é uma boa altura para os membros da dita família se reunirem e estarem juntos. Mas esta tarefa chega a ser complicada logo na altura de escolher o destino porque a Maria diz que se recusa a ir para um sítio sem rede e o João diz que não vai para sítios sem televisão.
A um membro dessas famílias eu pergunto: “Se fosse para uma ilha deserta, para sempre, onde houvesse comida e conforto quem ou o que é que levaria consigo, as suas tralhas electrónicas ou a sua família?”

Catarina Sofia Torrado Ramos, nº 9, 10ºG

A minha vizinhança


Os meus 4 adoráveis vizinhos



O ídolo da minha vizinha


Quem vos dera ter uma vizinhança como a minha. A vizinha de baixo tem uma creche que é composta pelos seus dois irritantes filhos, que de manhã à noite, ou estão a correr, ou estão a falar ligeiramente alto! O mais enervante é que começam logo quando estou estudar e obviamente a concentração é altíssima. E o melhor de tudo é que, à noite, vá… entre as onze e meia, meia-noite, quando eu e a minha família e vizinhos queremos dormir, é quando o barulho é mais intenso. Do melhor, não?!
Agora os vizinhos de cima… Esses devem ter o rei na barriga. A mulher deve-se achar a Naomi Campbell, pois durante a tarde e à noite insiste andar de saltos altos e, como se está a ver, faz um barulhão ao bater no chão; eu não sei quem é que quer impressionar, se ao marido, se à vizinhança. O marido não fica atrás. Para ele está tudo mal, pois já nem se pode jogar futebol nem no terraço nem na relva, e está constantemente a queixar-se de que as lâmpadas estão fundidas ou partidas e, claro, põem as culpas em nós.
O pior de tudo é que a mulher deve pensar que tem uma vivenda ou que por baixo dela é uma lixeira, porque, enquanto que, do andar de baixo, se ouve um ligeiro zumbido, a minha cara amiga de cima decide fazer as limpezas domésticas sempre depois das onze da noite. Boa hora, não? É verdade, e nada melhor do que sacudir tapetes, pois são silenciosos e largam pouco lixo! Nada de importante, pois é perfeitamente normal! Não é de espantar que quando acordo de manhã, encontro de tudo um pouco na minha varanda, e é logo na minha!
É engraçado, não é! E aposto com vocês que ninguém tem um prédio tão multifacetado como o meu, (uma creche em baixo e passagem de modelos em cima).
Vá lá pessoal, tenham mais consideração com os outros. Se toda a gente fizesse o que lhe apetecesse eu o meu irmão já tínhamos “fanado” os tapetes de entrada de cada um…


Tiago José Pereira Cardoso, 10º, nº25


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Mudança do Básico para o Secundário

Eu já fiz muitas mudanças, mas esta é horrível. Sabem qual é? É a mudança do ensino básico para o ensino secundário. É que até nos habituarmos, custa, mas é que custa mesmo.
Ora, no ensino básico, ninguém quer saber… nem alunos, nem professores, nem pais, é uma rebaldaria, só visto. Os professores passam os alunos só por eles não faltarem às aulas!, depois, estudas dois das antes do teste e, no final, qual é a tua nota? Muito Bom, claro. Entretanto, já acabou o ano e tu? Tu passaste com uma perna às costas. Pois, não admira, foste a todas as aulas!
Só que, no secundário, ai de quem não estuda, ai de quem não esteja atento, porque aqui não são os professores que têm de se importar, és tu. Os primeiros testes nem vale a pena perguntar… é que são só negativas! Para quem tirava quatros ou cincos, agora não vale nada, até os professores dizem:
- Tinhas quatro? Agora tens oito, estás com sorte… Olha que é o dobro. Os mais aplicados perguntam como hão – de estudar, pois já não sabem o que fazer, e os que não querem saber, continuam a não querer saber.
Quando acaba o ano é um alívio, pensas:
- “ Finalmente acabou uff...já estava cansada”, -mas quando vais ver as tuas notas - ai que medo….ai que medo, as terríveis notas e, quando vez uns quatorzes, uns quinzes, uns dezasseis, desesperas:
Mas…é que eu…eu queria entrar para Medicina… E o que é que os professores respondem:
- Eu bem que te avisei, que tinhas de estudar duas ou três horas por dia. E nós pensamos:
Como é que nós havemos de ter tempo para estudar, se quase nem tempo temos para dormir.
Sabem quem tem sorte? São os alunos dos cursos profissionais. Esses nem notam a diferença. Quando vais ver a mochila de alguns o que é que encontras é uma mochila vazia. “ Vá não está vazia” (é o que eles dizem), ainda tem o telemóvel, a carteira e um caderno.
Vou – te dar um conselho, para que quando acabares de ler esta crónica aprendas alguma coisa:
Não te fies na Virgem, estuda.

Liliana Pereira, 10ºG, Nº18

Atrasos frequentes

É de manhã e o dia está cinzento. Olho pela janela embaciada e vejo os carros a passarem pelas pequenas e cintilantes gotas de chuva e divirto-me com os guarda-chuvas multicolores que passam pelos passeios, bailando. O chapinhar das botas novas das crianças que saltam por cima de poças atrai-me a atenção e consigo distinguir as cores de todas as folhas caídas no chão. É Outono.
Daqui a poucos minutos tenho aulas; portanto, preciso de me despachar. Vesti-me o mais rápido que pude e saí à rua; por sorte já não chovia. As árvores estavam meias despidas, ligeiramente curvadas devido à tempestade de ontem à noite; as pessoas, que eram poucas, andavam mais agasalhadas e já se sentia uma descida de temperatura.
Continuei o meu caminho, observando cada canto e recanto da rua, passando por ruelas e avenidas e olhando constantemente para o relógio. Virei a esquina do café “Aqui há gato”, parei junto a um prédio antigo e fiquei à espera da minha melhor amiga, que, como sempre, demora horas a sair de casa. Como é costume, vamos sempre juntas para a escola e estamos constantemente a chegar atrasadas devido ao nosso passo lento.
TRIIIIM, soou a campainha ao longe. Já estava na hora de entrar e nós ainda cá fora. Corremos o mais depressa possível e conseguimos chegar a tempo de entrar na sala juntamente com os outros. Mais uma manhã como todas as outras.

Inês Gomes, Nº 13, 9ºB

Receita para uma grande amizade

Não há mesmo que enganar.
É necessário carinho, ternura, compreensão…
Amor.
Ser sempre disponível
E ter um grande coração!
Começa-se pela vontade de estar ao lado de alguém.
Mistura-se a confiança.
Numa relação é o que convém.
Junta-se a bondade, a ajuda, o perdão.
Vai-se mexendo tudo
Com muita paixão!
Barra-se a forma com vontade de sonhar.
Leva-se ao forno sem muito demorar.
Dez minutos, uma hora,
Um mês, talvez dois…
No final, vai ver como se vai realizar
O seu sonho de Amizade
Que não se consegue igualar.
Um doce de cores,
Coberto de amor!
E são estes os valores
Para uma Amizade com esplendor.

Ana Catarina, nº1, 10º I

Receita para dançar

Querer aprender e não ter medo de falhar
São duas coisas em que nos devemos basear.
Com uma ou mais pessoas,
Em pé ou no chão,
Parados ou em movimento,
É fundamental ter coração.
Uma vez que se começa,
Não se consegue parar.
Somos invadidos por uma certeza
Impossível de ignorar.
Cada passo é uma história,
Cada aplauso, uma memória.
Depois de uma vida,
Já faz parte de nós.
Aprendemos a exprimir-nos
Sem usar a voz.

Inês Novais, nº16, 10º I

O Homem discreto

Nos dias de hoje, ouvimo-las com frequência em qualquer local público. Refiro-me às conversas que escutamos quase sempre que entramos num transporte público. É daí que provém muitas vezes o nosso conhecimento sobre as dificuldades existentes na nossa sociedade. Presentemente, e cada vez com mais frequência, assistimos a episódios dramáticos no quotidiano. Os mais relevantes têm como personagem principal a classe média, que vai decaindo lentamente. Neste fenómeno, sobressai o rico e o pobre, tão simples como o preto e o branco, sem cinzento no meio. É esta a ideia que temos da nossa sociedade neste preciso momento.
Na passada terça-feira, debaixo de um céu arrepiante e nuvens ameaçadoras, eu viajava de autocarro, a caminho de S. Bento, para reencontrar velhos amigos. Então, deparei-me com um senhor alto e bem vestido, só que algo nele não estava bem. Pessoa discreta, continha, bem dentro de si, um enorme mutismo absoluto. Embora vestido formalmente, qualquer pessoa conseguia reparar na sua expressão facial mesmo sem grandes detalhes. Uma expressão de desgosto perante a vida. Ao seu lado, um velho muito velho, falava dos seus tempos, quando se tornou adulto (época salazarista, obviamente). Não repetia, nada mais nada menos que: “Volta Salazar, tu levaste-nos ao auge económico e agora é só bastardos a estragar aquilo que tu fizeste.” Certamente, já não se lembrava bem da ditadura salazarista e daquela ‘senhora’ que não gostava nada que falassem do governo. A PIDE, sim, a PIDE.
Perto de S. Bento, reparei num pormenor tão interessante que eu ainda não tinha conseguido alcançar. Logicamente que eu não era o único a estar saturado de ouvir o velho e, aí, olhei. Enquanto ele ia falando, com fúria, da Política e da Justiça, o senhor discreto assobiava levemente, conseguindo tapar os seus ouvidos e, graças a Deus, os meus também! O pobre homem durante toda a viagem (e conversa do velho) ia assobiando e olhando para a janela. Passaram-se vinte minutos e o autocarro estacionou em S. Bento.
Ninguém tinha chegado. A cena presenciada voltou a ocupar o meu espírito. Como é possível, numa viagem de 20 minutos, ouvir as palavras do velho e, com um simples assobio, afastá-las de si mesmo?
Ultimamente, nada tem estado fácil, até pelo contrário, tudo tem estado difícil. As pessoas vivem na mais pura das misérias. Algumas. Outras fecham-se em copas como se tudo estivesse absolutamente normal. Zelo para que, nos próximos anos, alguém ponha a vista em cima deste ‘grande’ país e, como José Manuel dos Santos escreveu na sua crónica, “limpe o sarampo” a algumas pessoas que vagueiam por aí.


Pedro Borges, nº25, 10ºI

"O Melhor Resíduo"


NA ESAG PARTICIPAMOS
NA PREVENÇÃO DOS RESÍDUOS
POIS TODOS ESTAMOS
COM O AMBIENTE COMPROMETIDOS

A TURMA G DO DÉCIMO PRIMEIRO ANO
DINAMIZOU UMA ACTIVIDADE
ORGANIZOU UM PLANO
COM MUITA CRIATIVIDADE

AS PROFESSORAS ESTAGIÁRIAS
UMA ROLETA MONTARAM
ALUNOS, PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS
APRENDERAM E JOGARAM

É IMPORTANTE OS LIXOS SEPARAR
VÁRIOS DESTINOS PODEM TER
SE O RESÍDUO FOR RECICLAR
OS RECURSOS NATURAIS VAI POUPAR

NA SALA DE EXPOSIÇÕES
COM ACTIVIDADES ALERTAMOS
PARA A IMPORTÂNCIA DAS NOSSAS ACÇÕES
PARA O AMBIENTE MELHORARMOS

REDUZIU, REUTILIZOU
O RODRIGO SOUBE FAZER
UM CANDEEIRO PREPAROU
PARA TODOS PODEREM VER

TROCAR UMA LÂMPADA INCANDESCENTE
PARA COM QUATRO ECONOMIZAR
PEQUENO GESTO EFICIENTE
PARA A ENERGIA POUPAR

UMA ECO-ESCOLA QUEREMOS SER
PARA ISSO TEMOS DE TRABALHAR
SEPARAR É IMPORTANTE
TODOS DEVEMOS COLABORAR


27 de Novembro de 2009

Semana Europeia da Prevenção dos Resíduos
Actividade: “O Melhor Resíduo”
Âmbito: Programa Comenius – Projecto “Aprender a Viver de Forma Sustentável”
Programa Eco-Escolas

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A minha querida televisão

Perante os olhares da maioria da sociedade, a minha televisão seria: a preto e branco e de má qualidade; retrógrada e difícil de manusear; com 4 canais (RTP1,RTP2, SIC E TVI) e por fim pouco multifuncional, uma vez que não tem comando.
Mas como, felizmente, nem sempre a maioria tem razão, esta televisão não é tão má como parece.
Para começar tem cores. É verdade que tenho a perfeita noção que no actual mercado há televisões de muito melhor qualidade, ou não fosse eu uma amante da informática e das novas tecnologias. Porém, esta não é de tão má qualidade como aparenta. É claro que às vezes fica às riscas cinzentas e vai abaixo, mas não é nada que não aconteça com as outras televisões. Nada que uma leve pancadinha ou um carregar constante no botão respectivo do canal não resolva.
Quanto ao difícil de manusear, não exageremos. Sei que agora tudo funciona a distância, mas, por amor de Deus, sejamos práticos. Para compreender os grandes mecanismos temos que compreender os básicos e a minha televisão funciona de um modo simples e primário. Passo a explicar: para sincronizar outros canais, para além dos que já vêm predefinidos, é só rodar um pequeno botão que se encontra numa caixa acima do botão de desligar e para mudar de canal é só clicar num dos botões dos outros 7 canais. Só se desliga e liga clicando na própria televisão, mas isto impede que ela fique em “standby” a consumir energia, quando lá não estamos.
Quanto aos canais, sim, leram bem, tem apenas 8 canais. Contudo, tem TV CABO e alguns da canais da famosa VOX sintonizados, não estando apenas limitada aos 4 canais e tendo como vantagem a escolha mais selectiva deles, evitando assim o “zapping” e procura incessante por programas televisivos que valham realmente a pena ver.
Falemos ainda, do grave problema de sedentarismo, preguiça ou o quer que lhe queiram chamar, que é provocado pelo facto de não ter comando. Bom, se para mudar de canal nos temos que levantar, pensem como eu: “Será que vale mesmo a pena mudar de canal? Vou estar eternamente à procura de algo interessante para ver ao domingo à tarde? Não! O melhor é ficar-me pelo típico filme deste dia e esperar que revele algum interesse…”.
Como vêem, a minha televisão não é tão má. Por isso, lembrem-se que as coisas nem sempre são o que parecem, nunca julguem um livro pela capa, mas, sim, pelo seu conteúdo.

Joana Osório, Nº 17, 12ºD

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Viagem

Estação de S. Bento

Igreja de S. Francisco

Nem tudo é um sonho. O passado é real e por vezes bastante actual. Assim, este oferece não só conselhos para um futuro melhor mas também uma imagem pitoresca e de fácil acesso da nossa pátria, a Língua Portuguesa. Satírica, à primeira vista, a nossa história é um verdadeiro conto moralista com conflitos, romances, mitos e lendas.
Neste dia de S. Martinho, solarengo como de costume, reinava, ainda, nas mentes adormecidas o frio da noite, quando o ‘metro’ parou na estação. Alunos e Professores embarcaram, à excepção de uns poucos Alunos. Eu era um deles. A nossa Professora tinha ficado connosco, preocupada com a dessincronização do grupo, mas rapidamente chegou mais um ‘metro’. Em típico estado de quarta-feira, os passageiros revelavam-se aborrecidos, questionando-se se iriam beber café ou meia-de-leite no trabalho; mas eu não; o dia de hoje não ia cair no vulgar. Ia ser um dia diferente, pois ia visitar a minha cidade berço, a cidade do Porto. À saída da estação, já do outro lado da ponte, um misto de sentidos invadiu-me: o cheiro nostálgico; o visual rústico embutido das suas personalidades típicas; o barulho de uma população que fervilha de vida e actividade; o vento que me despenteava, convidando-me a enlouquecer nesta invicta cidade. À minha frente, a Estação, que correspondia à sua localização, S. Bento. Aí descobri que tinha sido construída após a demolição do mosteiro da Ave-Maria, isto em finais do século XIX. Mas, já no século XX, o espaço vazio tinha sido preenchido, não por um edifício qualquer, mas de um que se eleva a excepção, pois construído à imagem da arquitectura Neoclássica, marca um passo na evolução do crescimento da minha cidade. No seu interior, belos azulejos complementavam o seu espírito com relevos e pinturas alusivas a momentos históricos de Portugal.
Esta visita não era pura coincidência, o estilo Barroco é caracterizado pela “aversão” ao Barroco, que por sua vez é característico da época do Padre António Vieira e das Igrejas que se visitaram de seguida. Deslocámo-nos a pé, absorvendo todos os detalhes que de outra forma se perderiam, se a visita fosse num outro meio de transporte, e chegámos à Igreja da Misericórdia. Estava em obras, mas notou-se o estilo Barroco (com elementos do rococó) da fachada. Infelizmente, a sua história não é muito brilhante, visto que foi destruída no século XVII por um relâmpago, e quase se transformou em ruínas; hoje, reconstruída, perdeu, contudo, o seu tamanho original.
Atravessando a Praça do Infante, chegou-se à Igreja de S. Francisco, onde se viu um excelente exemplo do Barroco português. As paredes interiores estavam recheadas de decorações e as suas sombras contrastavam com o reluzir da talha dourada (que totalizava 600kg em folha de ouro), característica do Barroco, que também contrasta com o seu exterior gótico. Remetendo-nos para o século XVIII, o seu interior é um dos melhores exemplos do seu estilo a nível mundial. Também se visitou a Casa de Despacho, onde havia um museu com peças valiosíssimas. Era apenas uma pequena sala, porque grande parte do seu tesouro foi roubado durante as Invasões Francesas.
O ‘passeio’ prosseguiu. Uma passagem pelo funicular seguia-se, e esta, apesar de breve, foi suficiente para deixar umas belíssimas imagens da Ribeira do Porto na memória. Seguia-se a Igreja de Santa Clara, onde o empobrecimento da ‘Igreja’ era mais evidente. Mármore falso e um salão de tamanho reduzido ambicionavam seduzir de novo os crentes que haviam sido atraídos pelo protestantismo. O facto de a Igreja ter perdido algum do seu poder nesta época torna-a mais radical e desesperada, criando, por exemplo, a Inquisição e o Índex, para controlar os sentimentos humanos. Foi nessa altura que surgem personalidades como António Vieira, da Igreja mas lutam pela liberdade de expressão e pela erradicação da desigualdade; lutam pela humanidade.
Esta Visita de Estudo provou ser uma visita não só espacial mas também temporal, exibindo uma nítida imagem do pensamento humano no período Barroco. É claro que a forma de pensar não se alterou desde então, e é destes momentos históricos que se podem tirar verdadeiras conclusões morais.

Gabriel António nº8 11ºE

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

«A Vida»

A vida não é nenhuma brincadeira.
Tudo o que fazemos ou não fazemos conta.
De um momento para o outro tudo pode acontecer.
Quando uma coisa má nos acontece, a única solução que vemos é desistir. Mas há sempre uma solução! A vida é injusta para todos e temos de aprender a esquecer e a continuar em frente.
A tristeza leva-nos à solidão e, muitas vezes, ao desespero. Isso não é vida para ninguém! Toda a gente merece ser feliz. Ter aqueles momentos que nunca queremos que acabem e que nunca vamos esquecer, pois, nesses momentos, fomos felizes quer tenha sido com os amigos, com a família ou até mesmo sozinhos.
Ter um sorriso na cara faz-nos esquecer todas as coisas más que nos acontecem.
Alguns dizem: “Para quê viver?! Não vale a pena!”. Tenho a certeza que toda a gente já pensou assim, já se sentiu assim, mas…não vamos desistir de tudo o que conseguimos e fizemos por uma coisa má nos ter acontecido.
A vida só acaba quando não respirarmos mais! Até lá, temos que viver o mais felizes possível. Aproveitar a vida porque quando ela estiver a acabar vamos perguntar-nos: “E se eu tivesse feito de outra maneira?” ou “Há tanta coisa que eu gostava de ter feito…”. De certeza que não queremos pensar assim quando tudo estiver a acabar.
Por isso, vive como se não houvesse o dia de amanha e sê feliz!


Cátia Pinho, 9º B

SER DIFERENTE

Ser diferente é destacar-se de tantos outros. Ser diferente pode ser bom, pode ser mau. Infelizmente, quase sempre se vê o “ser diferente” pelo lado negativo.
Muitas vezes, passamos por alguém na rua que tem uma cor distinta ou alguma deficiência e logo nos retraímos e afastamos, como se esta singularidade fosse uma doença contagiosa. Nem sequer nos apercebemos, é involuntário, faz parte daquilo que a sociedade hipócrita em que vivemos nos transmite. Lembra a história d’ “O Patinho Feio”: as pessoas ditas “normais” excluem aquelas ditas “diferentes”. Uma religião, uma cor, uma raça ou um hábito divergente; uma deficiência; uma preferência discrepante; qualquer coisa é motivo de humilhação pública ou de chacota.
Mas não pode, nem deve ser assim. Não numa sociedade que defende a liberdade e a igualdade de todos os cidadãos. No fundo, todos somos diferentes uns dos outros, todos únicos. O que conta não é só o exterior, o interior também é muito importante. É lá que estão as maiores diferenças – a nossa personalidade, os nossos gostos, as nossas virtudes, os nossos defeitos, as nossas opiniões.
E é por tudo isto que devemos não só respeitar como ajudar (seja em que sentido for) quem é diferente. A nossa aparência e o nosso carácter são características únicas que devem ser admitidas pelos demais. Todos temos o DIREITO a ser diferente e a aceitação desta característica pela sociedade está na mão de cada um. Juntos podemos fazer a diferença, porque com esforço tudo se consegue, mesmo sendo diferente.

Inês da Costa Miranda, Nº18, 9ºA

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Ai o amor, Joana!...

Nenhuma história de amor deveria ser infeliz. Contudo, muitas vezes, isso acontece.
No domingo estive com a Joana que estava um pouco triste e desabafou comigo...
Contou-me que tinha conhecido um rapaz e que acabou por se apaixonar por ele. Estavam muitas vezes juntos e eram momentos mágicos porque estavam sempre a rir e a brincar. Tudo era perfeito, dizia ela. Quando dizia que o amava, ele dizia apenas " eu também".
Magoada, decidiu perguntar-lhe o que é que se passava mas ele não respondeu. Então, começou a ficar atenta. Reparou que ele ia para a escola de manhã, almoçava na escola com ela, voltava para as aulas e às 18.30h ia direitinho para casa.
Um dia, intrigada, resolveu tocar-lhe à campainha e ele demorou muito a abrir a porta. Quando finalmente o fez, ficou espantado por a ver ali e bastante atrapalhado! Joana aproveitou a situação para entrar e, com grande surpresa e muito desagrado, viu lá a sua melhor amiga. Nem abriu a boca, porque achou que nenhum dos dois merecia uma só palavra sua.
Quando a Joana me contou a história, fiquei abismada porque o Pedro de que ela falava era também o namorado da minha prima, Marina!
Consolei a minha amiga o melhor que pude e aconselhei-a a parar de sofrer por quem não a merece!


Marta, 9ºB

Anatomia

Para escrever algo relacionado com o título, talvez devesse passar este texto todo a falar de medicina … Mas hoje vou falar apenas do corpo humano e vou apenas dedicar-me à anatomia de um certo indivíduo muito conhecido e famoso.
Ao contrário de nós, seres humanos normais, este malandro tem uma anatomia bem original mas não tão diferente da nossa como nós pensávamos. Podem ambas dividir-se em três partes! Nós temos cabeça, tronco e membros, e ele tem introdução, desenvolvimento e conclusão. Todas indispensáveis!
À introdução, podemos comparar a nossa cabeça pensante. É nela que a informação tem um início e depois tem de ser respeitada pelo resto do corpo, tal como acontece neste quase nosso gémeo. A cara é das primeiras coisas a reparar numa pessoa, e a introdução também é, obrigatoriamente, a primeira coisa a interpretar.
O seu tronco relaciona-se com o desenvolvimento. É uma grande parte da sua estrutura e o seu conteúdo é como o tronco de uma elegante senhora. Com curvas vincadas e atraentes que são os vários assuntos tratados. É aqui que a imaginação de qualquer um voa como uma folha leve de papel que só pousa na conclusão. Obviamente, ele também tem o seu coração que, neste caso, é o seu tema. Sem ele, não poderia existir. Interiormente, tem também sistemas (os parágrafos) e órgãos (as frases).
Tudo tão parecido, tudo tão diferente… É a anatomia de um TEXTO.

Ema Peres Costa, Nº12, 9ºA

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A confirmação

Dia 29 de Novembro de 2009. Dia de jogo no Estádio do Dragão, dia de F.C. do Porto vs. Rio Ave F.C.: jogo de extrema importância, porque, em caso de vitória, os portistas aumentavam em dois pontos a sua vantagem sobre os “leões” e, mais do que isso, recuperariam dois pontos sobre o Benfica; jogo de extrema dificuldade, visto que os vilacondenses tinham perdido apenas um jogo em dez realizados para o campeonato, sendo a equipa sensação desta edição da Liga a par do, em princípio, (ainda) líder S.C. Braga.
Os primeiros minutos de jogo foram fracos, dando continuidade à tendência daquilo que tinham sido os últimos jogos dos Tetra-Campeões nacionais, especialmente, para o Campeonato.
No entanto, por intermédio de Hulk, os “dragões” colocaram-se em vantagem a partir do minuto 23’. Parecia que as coisas iam ter um rumo diferente, com a aparente mudança de sorte dos portistas. Pura ilusão: volvidos 2 minutos o Rio Ave empatou, graças a um cabeceamento, sem hipóteses de defesa, de João Tomás – actualmente em grande forma – onde foi óbvia uma falha de marcação da defesa azul e branca, uma vez que Bruno Alves abandonou a marcação do autor do golo para marcar outro adversário, deixando assim o poderoso ponta-de-lança português ao cuidado de Fucile. Algo de muito errado, não só porque era visível a vantagem atlética de João Tomás sobre Fucile, tal como Maicon (central de elevada estatura) – que se encontrava mesmo ao seu lado – não teve a confiança nem a autonomia necessária para tomar conta da marcação a João Tomás, evitando, certamente, aquele que foi o golo de empate dos vilacondenses.
Felizmente, depois do efeito aturduante do empate dos forasteiros, os portistas avançaram para um domínio de um quarto de hora que, por muito pouco, não teve impacto também no marcador, antes da saída para o intervalo.
Todavia, os “dragões” voltaram a entrar mal, ou melhor, muito nervosos e ansiosos no reatamento da partida, quando não havia necessidade para tal. E isto verificou-se no «penalty» algo duvidoso, desperdiçado (outra vez!) por Falcão que, com manifesta falta de sorte, atirou à barra e continuou o calvário de jogos sem marcar no campeonato.
Contudo, contra aquilo que seria de esperar, conforme dito por Jesualdo Ferreira após o fim do encontro: “A partir do momento em que falhámos o «penalty» (...) a equipa entrosou-se mais e ficou mais forte.”
Desta forma, o F.C. do Porto iniciou um domínio avassalador que apenas foi travado pela figura do jogo: Carlos, guarda-redes internacional angolano do Rio Ave. Toda a equipa portista parecia acreditar cegamente na vitória e, talvez por isso, os “dragões” alcançaram o justíssimo golo vitorioso ao minuto 83’, graças a uma conclusão, plena de oportunidade, de Silvestre Varela.
Foi também neste momento que me coloquei de joelhos e desatei aos gritos e a chorar. Nada que, no decorrer deste jogo, não tivesse feito, pelo menos, umas três vezes, tamanha era a importância desta vitória e a crueldade que se verificava no marcador com o teimoso empate.
Foi dos jogos mais emotivos a que eu já assisti e o golo de Varela, em conjunto com a minha certeza interior e confiança pessoal que o meu clube seguraria o resultado até ao final, despertou em mim uma felicidade imensa; foi como se uma chama de alegria invadisse o meu espírito e o meu corpo, ou seja, todo o meu ser, que apenas se transmitiu num “choro gigante de alegria”.
Agradeço a Deus, tanto pelo decorrer deste jogo como pelo seu resultado final. Porquê? Porque confirmei hoje aquilo que pretendo para o meu futuro profissional: estar ligado ao futebol e, se possível, ao clube que eu amo: Futebol Clube do Porto.
Se sou “doente” pelo meu clube? Sim. Se esta “doença” tem cura? Não sei. Se quero ser curado? Não! Se sou feliz assim? SIM!
Gostaria de acrescentar ainda, para aqueles cépticos do centralismo que desprezam tudo aquilo que o F.C. Porto conquistou e continuará a conquistar, algumas das declarações da «flash-interview» por parte dos elementos mais importantes do encontro:
- “Vendemos cara a derrota (...).”, João Tomás.
- “Gostaria de salientar que, se nalgum período, o domínio do jogo pertenceu ao Rio Ave, deveu-se ao nosso mérito e não a demérito do F.C. Porto.”, Carlos Brito.
- “Esta vitória foi muito importante para nós porque os jogadores têm que acreditar no seu valor e nas suas capacidades (...) porque esta equipa pode vencer todos os jogos.”, Jesualdo Ferreira.
- depois de matreiramente questionado pelo jornalista da RTP1 sobre se esperava ser titular no próximo jogo do F.C. do Porto, após ter marco o golo da vitória azul e branca e ser considerado “a figura do jogo”, Silvestre Varela não se deixou influenciar e respondeu prontamente: “A mim cabe-me apenas trabalhar para ajudar a equipa. O mister é que escolhe...”.
Assim se fazem campeões. Perdão... Penta-Campeões!

Ricardo André Pinto Silva - N.º 20, 12ºB

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

“Já chega, Basta! Estou farto!”

Sem querer roubar nada ao discurso de demissão do então líder do PPD/PSD e, felizmente, ainda actual Presidente da nossa Câmara Municipal, Dr. Luís Filipe Menezes, não encontrei melhor forma de expressão para esta obra (leia-se título) do que a citação supra-referida. Isto, porque estava eu a fazer um simples e vulgar zapping quando parei na TVI, na conhecida telenovela para adolescentes “Morangos Com Açúcar” (MCA), devido à péssima programação dos finais de tarde. Contudo, não é da nossa paupérrima programação televisiva nacional que eu vos venho falar, mas, sim, do conteúdo dos MCA.
Assim sendo, deparei-me com uma nova série, devido ao início do ano lectivo, cheia de novos actores, cenários (interpretem esta palavra como quiserem) e “histórias da carochinha” para contar. Mais do mesmo, portanto...
Ora, foi exactamente uma destas histórias que me deixou perplexo, estupefacto ou, melhor dizendo (e perdoem-me a sinceridade), absolutamente estúpido: um dos temas principais da telenovela baseia-se na crença de um grupo de três raparigas, especialmente de uma Lúcia, que um dos seus colegas de escola (Alex) é vampiro! De resto, Lúcia encontra-se totalmente apaixonada por Alex, pois considera-lo diferente de todos os outros (por ser vampiro...)! Isso mesmo: uma adaptação foleira do “Crepúsculo”, baseada na popularidade e no sucesso que este filme, inexplicavelmente, ainda detém.
E eu a pensar que a falta de originalidade das telenovelas portuguesas não podia descer mais... agora isto! Uma autêntica cópia do “Crepúsculo”, cuja acção se desenrola à volta de um ‘cross over’ realizado pela autora do mesmo, a partir de uma cena cortada do filme “Harry Potter e o Cálice de Fogo” em que, por extraordinária coincidência, também entra Robert Pattinson (actor principal do “Crepúsculo”)! Desta forma, o incrível “Crepúsculo” pode deixar muito bem de o ser... ou se calhar não: afinal só mesmo esta “saga de vampiros” é que conseguiu pôr os prestigiados Muse a soar pessimamente com o seu tema “Uprising” – criado para o segundo filme desta saga – ao transformar o seu som único e original em algo praticamente irreconhecível. Sem dúvida, incrível!
De facto, um dos melhores comediantes deste mundo (Conan O’Brien), chegou mesmo a comentar este assunto no seu programa ao afirmar: “ (...) estamos no meio da mania dos vampiros: todas as histórias envolvem um bonito vampiro melancólico e não compreendido, que deixa todas as adolescentes loucas (...).” Conan prosseguiu o seu programa ao colocar na plateia um “vampiro”, para ridicularizar a figura triste deste tema que, hoje em dia, encontra-se em todo o lado. E isto deve chegar para ilustrar o quanto patético é o tema supra-referido – pelo menos aos olhos de pessoas minimamente crescidas – que se desenrola, aborrecidamente, episódio após episódio nos MCA.
Por isso, critico os MCA e a TVI por tentarem impor a “mania dos vampiros” na história de uma telenovela/série para adolescentes, na qual se deveriam passar mensagens importantes e/ou lições de vida para esta fase da vida tão crucial para o futuro dos jovens. Aproveito, também, para congratular a RTP1 por ter estreado uma nova série intitulada “The Vampires’ Diaries” (Os Diários dos Vampiros) e não inserir um vampiro, ou algo relacionado com esse tema, num dos seus programas mais vistos como, por exemplo, “As Escolhas de Marcelo” ou “O Preço Certo”.
Concluindo, sendo a SIC (pelo menos até agora) a única estação resistente à estupidez da moda vampírica, resta-nos esperar e rezar muito para que esta fantochada acabe de uma vez por todas e possamos ter uma programação nacional de maior qualidade, originalidade e sem fantasias irrealistas, dedicada a temas muito mais relevantes e cultos do que aqueles que se verificam hoje em dia.

O predador de palavras

Projecto Beatriz

Entra-se na sala. A peça rectangular no centro do palco chama imediatamente a atenção. É-se surpreendido pela nudez da sala. Não há cortinas, cabine de som ou bastidores. Há um palco e uma plateia, o essencial para uma encenação. Não terá muito mais de 200 lugares, a plateia, mas a massa humana que para lá se desloca garante que serão todos preenchidos. Mal nos sentamos, começamos a aperceber-nos da magnitude da peça. Sala cheia, faixa etária dos 14 aos 99 anos. As luzes vão, gradualmente, diminuindo de intensidade. A peça vai começar.
A primeira cena: um homem deitado na cama, primeira de muitas utilizações da peça rectangular com que nos deparamos, uma mulher que dele se aproxima. Há um crescendo de intimidade entre os dois, pontuado por sucessivas frustrações e desentendimentos destes, culminando na separação, marcada pelo “desmontar” da peça que inicialmente parecia sólida. Desenvolvem-se dois monólogos em simultâneo, que nos elucidam acerca do tema da peça: as diferenças e semelhanças entre a mulher e o homem.
A peça desenvolve-se a partir daí, composta por fragmentos, cenas soltas, que ilustram diferentes situações de diferença e semelhança entre os dois géneros (pois, segundo Freud, as diferenças entre os sexos são meramente físicas. O género, esse sim, marca as diferenças sociais e psicológicas, e é definido pelo papel de cada um dos sexos na sociedade), ligando temas como o racismo, a homossexualidade, a liberdade de expressão, a escolha de carreiras profissionais e os problemas matrimoniais, entre outros temas de actualidade inquestionável.
Toda a encenação, desde a lumino e sonoplastia até à cenografia e aos adereços, é de uma qualidade inimaginável para um grupo de alunos (apenas os actores eram profissionais), ainda que de uma escola de artes performativas, e a qualidade de tudo isto chega a ultrapassar os padrões profissionais. A representação é excelente, apesar de se notarem as falhas, naturais, decorrentes do facto de se tratar de uma peça inédita, escrita por uma aluna, e de se tratar de uma estreia. Há, de facto, arestas a limar, mas a prática decorrente das sucessivas repetições da encenação tratará de o fazer.
Em suma, Projecto Beatriz, um nome a reter, e uma peça que recomendamos a qualquer pessoa.

Pedro Barbieri, Joana Ribeir e André Oliveira - 12ºC
Joana Gomes - 12ºB

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A minha primeira vez - de metro

Havia anos que queria experimentar andar de metro, mas não podia. Os meus pais trabalhavam numa fábrica, para a qual se deslocavam sempre de carro. De facto, não havia tempo para a satisfação do meu capricho. Não era um sonho, mas uma tremenda vontade de conhecimento que acalentava desde criança por este transporte público.
Certo dia, os meus pais saíram mais cedo do emprego. Eu, que chegava da escola com a minha avó todos os dias por volta das cinco da tarde, acabara de lanchar. Assim que ouvi o barulho da porta a ser aberta, corri numa grande ansiedade para ver quem era.
- Temos uma surpresa para ti! - disseram-me.
Percebi logo o que íamos fazer e rapidamente peguei no casaco e saí porta fora.
Quando chegámos à estação subterrânea do metro, pulei de alegria. Os dois minutos que faltavam para chegar demoravam eternidades.
Entrei, finalmente, no metro. Parei, pensei e disse:
- Não estão contentes?
Fiquei bastante espantado. As pessoas, as suas expressões e atitudes de desprezo e desinteresse estragaram a minha viagem. Numa palavra, caracterizei-a como desilusão. Timidamente, pedi aos meus pais:
- Podemos ir embora?
No fim, percebi que a viagem com que tanto sonhava apenas serviu para perceber a frieza e desintegração com que vivemos em sociedade. E, por mais estranho que pareça, hoje faço o mesmo que aquelas pessoas.

Tomás, 10º I

Cartaz alusivo ao corta mato

Núcleo de Estágio FADEUP 2009/2010

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

(Sobre)Viver...

Quadras

Isto é um jogo difícil,
o qual temos de viver,
pode parecer honesto e fácil,
mas temos de o conhecer.

A natureza é bela,
e ajuda-nos a sobreviver
temos de saber respeitar aquela,
que nos dá força para crescer.

Vamos sempre avançar,
tentando sempre sorrir,
ninguém nos pode atrasar,
nem nunca nos fazer dormir.

Não é preciso ter sorte,
para ter um sorriso eterno,
nem ser forte,
para aguentar uma noite de inverno.

Há momentos,
com tantas preocupações,
e pensamentos,
com montes de confusões.

Falo para quem me saiba ouvir,
escrevo para ti que me vais ler,
e explico para alguém,
que me queira perceber.

Rute Sousa 12ºC

Uma vida

Brincar,
com o que somos,
e não com o que fomos.
Chorar,
de pura alegria,
e olhar para a criança que sorria.
Calar,
o que queremos,
ou o que devemos.
Cantar,
com a emoção,
contida no coração.
Gritar,
por motivo de dor,
ou pelo prazer de um amor.
Amar,
não quem nos chama,
mas sim quem nos ama.
Respeitar,
quem te desafia,
por uma filosofia de dia.
Brilhar,
com um olhar,
na realidade ou a sonhar.

Rute Sousa 12ºC

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Visita de estudo à Quinta da Regaleira (28 de Outubro de 2009)

Introdução

• A Quinta da Regaleira encontra-se situada no centro histórico de Sintra e está classificada como Património Mundial da UNESCO.
• O início da sua construção deu-se no século XX e partiu de um projecto pensado ao pormenor, onde foi implementado um famoso conjunto de criações artísticas que transmitem uma mensagem implícita nas suas construções e na exuberância da sua arquitectura.
• Para além do património edificado, a Quinta da Regaleira contém uma componente paisagística e natural extremamente apelativa graças à sua moldura de verde impressionante composta pelos seus jardins e bosques.
• No seu património vasto e bastante rico encontramos o imponente e enigmático poço iniciático, grutas subterrâneas e vários lagos.
• A riqueza e a mistura de estilos prevalecem nas construções, permitindo ao visitante ter contacto directo com a arquitectura de estilo Neo-Manuelino e traços Neo-Góticos.
• As correntes estéticas e filosóficas encontram-se patentes e evidenciam o espírito dos seus construtores e proprietário, Carvalho Monteiro (o milionário), que compraram a Quinta à Baronesa da Regaleira.
• António Augusto Carvalho Monteiro nasceu no Rio de Janeiro em 1848, filho de pais portugueses que cedo o trouxeram para Portugal. Herdeiro de uma grande fortuna familiar gerada no Brasil pelo comércio dos cafés e diamantes. Desta forma gastou avultadas somas a dar forma à sua fantasia.
• Alguns dos interesses de Carvalho Monteiro baseavam-se na sua paixão pelos livros, pelos instrumentos musicais, pelo estudo das borboletas e pelas conchas.
• Empenhado em construir a sua mansão filosofal, o proprietário da quinta convidou o arquitecto Luigi Manini, conceituado cenógrafo, arquitecto e pintor adepto do estilo romântico.
• A Quinta da Regaleira deixa entender a nostalgia de um paraíso perdido composto de lembranças e conhecimentos dispersos que remontam à epopeia dos descobrimentos e à imagem duradoura desse período. O culto do revivido e a exaltação do exótico, do sobrenatural e da presença divina, incluindo o “Mito do Quinto Império” e o “espírito dos templários”, é mais do que evidente em toda a propriedade.
• No conjunto da Regaleira existem traços nítidos das ideias políticas (devoção pela monarquia) e religiosas (paganismo e cristianismo).
• Em 1946 a Quinta da Regaleira é adquirida por Waldemar Jara d’Orey, que introduziu várias modificações a seu gosto.
• Em 1987 a propriedade é vendida à empresa Japonesa Aoki Corporation.
• Em 1997 a Câmara Municipal de Sintra toma posse.



Locais emblemáticos visitados e o seu contexto

Palácio – O seu interior transmite-nos um ambiente intimista e acolhedor, proporcionado pela abundância de ornamentos em madeira de carvalho e castanho e pelas portas de cor púrpura e de madeira com acabamentos em metal. Nos tectos extremamente elaborados e trabalhados em madeiras exóticas, sobressaem figuras de dimensões avultadas.
Na Sala dos Reis, no friso superior encontram-se pintados os monarcas Portugueses, criteriosamente seleccionados, desde D. Afonso Henriques a D. João V, o último Rei do projecto imperial Lusitano, excluindo, obviamente, a dinastia dos Filipes. A disposição destes monarcas baseia-se na sua ordem cronológica, tendo merecido especial atenção a localização do nascer e do pôr do Sol, que ilustra o “período de ouro” do Império Português e está associado à crença no Sebastianismo e no “Quinto Império”. O pôr-do-sol simboliza a necessidade de “matar” o Império corrupto existente até então, descendo aos “Infernos”, para em seguida dar lugar ao nascimento de um novo Império Cultural.

Capela da Santíssima Trindade – Segue a linha decorativa que reveste o palácio. Em termos sagrados a sua orientação é perfeita: a entrada a Ocidente e altar-mor para Oriente. Possui uma fachada brilhantemente trabalhada e cheia de simbologia. O pavimento encontra-se coberto de mosaico, encontra-se uma grande variedade de cruzes, umas de Cristo, outras templárias. A Capela contém uma cripta, lugar propício à meditação.
A presença de um grande número de cruzes templárias encontra-se também associada ao objectivo primário dos descobrimentos Portugueses: a expansão de um Império Cultural baseado no Cristianismo. No entanto, devido à corrupção, que se encontra presente em todos os Homens, este acabou por se desenvolver segundo uma ideologia distinta, a criação de um Império Material. Estabelece-se então uma relação com uma pintura ilustrativa do sermão de Santo António aos peixes, que também tem como temática a corrupção do Homem.
Logo à entrada da Capela, no tecto, surge um “delta luminoso” que nos sugere a inspiração maçónico-templária.

Os Jardins – São um lugar de fantasia e recolhimento. Tratando-se de um parque de influência romântica, é evidente a mistura de plantas e árvores trazidas das mais variadas partes do globo.
O passeio pelo jardim traduz-se num caminho de ascensão, numa crescente depuração dos lugares, numa subida imaterial rodeada da mais pura vegetação, que se vai tornando espontânea e desordenada à medida que alcançamos o topo, pretendendo reforçar o efeito de primitivismo, como se o homem moderno tivesse necessidade de regressar ao passado “rural”.
Durante o percurso do jardim encontram-se estátuas que simbolizam: o poder, onde se destaca o elevado número de leões; a procura do interior, onde se destaca a presença de búzios e conchas; e a relevância dos seres mitológicos, entre os quais nove Deuses, que representam as virtudes e características do povo, nomeadamente o Português.

Poço Iniciático – Todos os caminhos podem conduzir a uma aparente anta. E eis que uma curiosa porta de pedra roda impulsionada por um mecanismo oculto e nos faculta a entrada para outro mundo.
É o monumental poço, espécie de torre invertida que mergulha nas profundezas da terra. De 15 em 15 degraus se descem os 9 patamares desta imensa galeria em espiral, sustentada por inúmeras colunas de apurado trabalho, que vão marcando o ritmo das escadarias. Gravada em embutidos de mármore, sobressai uma cruz templária/rosa-dos-ventos, que nos orienta para a saída.
As galerias conduzem-nos, em autênticos labirintos, pelo mundo subterrâneo. Estas elegem os que utilizam o raciocínio e o intelecto em detriorimento da força física.
A saída dos túneis é feita através de uma travessia, de pedra em pedra, sobre um lago, representando a necessidade de caminhar sobre a água, água esta que é um dos elementos fundamentais na concepção recreativa e simbólica dos jardins. É fonte de vida, de fertilidade e de abundância. A água foi sempre entendida como sinal da graça divina e purificação do homem.



Pessoa e a Quinta da Regaleira

• “Carvalho Monteiro expressa em pedra a mensagem que Pessoa expressa nos seus poemas.”
• Pessoa escreveu cerca de 45 poemas relacionados com a Quinta da Regaleira.
• O Esoterismo presente na Capela da Santíssima Trindade marca também a poesia de Fernando Pessoa, que possuía um elevado interesse, obsessão até, pelo auto-conhecimento.
• Tanto os búzios como o Poço Iniciático são caracterizados por possuírem nove plataformas, número que, tal como na poesia de Pessoa, simbolizam os nove anéis do Inferno de Dante e os nove meses de gestação, representando a passagem por uma fase de formação/recriação, também representada pelos quinze degraus entre cada plataforma, sendo o número três o que representa o ciclo da vida e o cinco o que representa a dúvida.
• Se Fernando Pessoa conhecia a Regaleira, sobretudo a sua dimensão simbólica e mítica, não poderia deixar de a considerar como uma Estalagem do Assombro, como disse no poema Iniciação.



INICIAÇÃO - FERNANDO PESSOA


Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.

O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa:
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.

A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes
Neófito, não há morte.

Gabriel Gonzaga e Hugo Machado, 12ºH

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Este Sporting não está pior... está na mesma!

Ao longo destes últimos tempos não têm faltado comparações do Sporting actual com o de anos anteriores sob a orientação de Paulo Bento. Assim sendo, a mensagem passada para o público em geral tem-se verificado sempre a mesma: o Sporting C.P. deste ano está mais fraco.
Ora bem, isto é mentira! Ou pelo menos os resultados assim o dizem. Senão vejamos: este Sporting começou a época bem cedo devido aos compromissos europeus, obrigatórios para o Vice-Campeão português (a queda de Portugal no ranking da FIFA assemelha-se à da Bolsa Americana na década de 70...). O primeiro adversário dos “leões” foi, portanto, o FC Twente (clube modesto da Holanda, embora actual Vice-Campeão) e no conjunto das duas mãos (1-1), com um milagre de R. Patrício à mistura, a vantagem dos golos marcados fora foi suficiente para o Sporting eliminar o Twente com dois empates e duas paupérrimas exibições.
Em seguida, veio a Fiorentina (5º classificado do principal escalão italiano) e o grau de dificuldade subiu estrondosamente, a par com a qualidade das exibições leoninas. O desafio assim o exigia. Os “leões” acabaram, no entanto, eliminados (3-3) pela mesma regra que lhes permitiu a passagem sobre o Twente, fruto de dois empates. No entanto, ao intervalo da 2ª Mão, um golo apontado por J. Moutinho na transformação de um livre directo, no campo dos italianos, dava vantagem à equipa portuguesa. Infelizmente, a equipa italiana empatou por intermédio de Gilardino, arruinando as aspirações do Sporting quanto à entrada na edição deste ano da UEFA Champions League, onde mais uma vez apenas se encontra o F.C. Porto como representante português na prova mais importante do mundo. Os “leões” foram, portanto, fazer companhia às “águias” na nova Liga Europa, visto que todos os outros clubes portugueses foram precocemente eliminados. E a verdade é que o Sporting não tem desapontado na fase de grupos da Liga Europa: venceu por 2-3 o Heerenveen (da Holanda) e o Hertha de Berlim (Alemanha) por 1-0, encontrando-se actualmente no primeiro lugar do seu grupo com 6 pontos em dois jogos. Melhor era difícil... Ou não?
Quanto a nível nacional, ao contrário do que vitoriosamente tinha sucedido no ano passado frente ao Porto, o Sporting não disputou a Supertaça Cândido de Oliveira (taça arrebatada este ano pelos “dragões” que venceram o Paços de Ferreira por 2-0). Desta forma, o Sporting iniciou o Campeonato com uma visita à Madeira onde empatou por uma bola contra o Nacional. Nas, até agora, sete jornadas disputadas, os “leões” somaram mais um empate (Belenenses), duas derrotas (Braga e Porto) e três vitórias (Académica, P.Ferreira e Olhanense).
Tudo somado são 5 vitórias, 6 empates (!) e duas derrotas, em 13 jogos oficiais, com 16 golos marcados e 12 sofridos. Ora, se compararmos estes números com os da época transacta em igual número de jogos oficiais (9 vitorias, 1 empate e 3 derrotas, com 16 golos marcados e 8 sofridos), verificamos que o Sporting deste ano tem menos uma derrota do que o ano passado e exactamente o mesmo número de golos marcados.
Mais ainda: comparativamente a 2007/2008, se somarmos todos os pontos obtidos nos primeiros 13 jogos oficiais, independentemente da competição em que os “leões” jogaram, verificamos uma estranha igualdade: 5 vitórias + 6 empates deste ano = 21 pontos = 6 vitórias + 3 empates relativos à época 2007/2008.
Não me atrevendo sequer a falar das derrotas ou mesmo de alguns empates, como o do último jogo frente ao Belenenses (em Alvalade!), todas as vitórias que este Sporting alcançou foram, no mínimo, caricatas. Começando pelo início, a primeira vitória da temporada aconteceu em Coimbra, por 0-2, num jogo que podia ter pendido para qualquer um dos lados. E embora o jogo tenha chegado mesmo a pender mais para o lado dos estudantes, a vitória sportinguista aceita-se. Foi um daqueles casos muito comuns no Sporting deste ano: vencer sem convencer.
Em seguida, os “leões” viajaram à Holanda para obter uma vitória por 2-3 com talvez a melhor exibição da época. O que faltou? A capacidade para resolver o jogo antes dos instantes finais, em vez de fazer sofrer os portugueses com tantas oportunidades falhadas.
De volta ao campeonato, Liedson resolveu o “problema Paços” com um golo “à Liedson” ao minuto 81. Seguiu-se o Olhanense, que esteve a ganhar em pleno Estádio José de Alvalade séc. XXI por 0-2 com muita tranquilidade. Felizmente para os sportinguistas, o empate chegou antes do intervalo e o golo da vitória por S. Vukcevic ao minuto 87 (mais uma vez nos últimos dez minutos de jogo...).
Os “leões” voltariam a conjugar o verbo vencer em casa contra o Hertha, mas o golo que, embora aos trambolhões, até surgiu na primeira parte (!) por intermédio de Adrien, revelou-se insuficiente para calar os muitos assobios que se ouviram no final do jogo que tiveram como alvo principal Paulo Bento.
Mas então o que é que não convence neste Sporting? A resposta é simples: as exibições! É certo que o registo defensivo (12 golos sofridos em 13 jogos oficiais) é, até à data, o pior de sempre da “Era Paulo Bento”, mas muito pior do que isso são as exibições sofríveis, pesadas e tristes que os “leões” têm oferecido. Até agora, os resultados ainda estão dentro do minimamente aceitável e razoável para o Sporting, mas com estes baixos níveis exibicionais resta saber por quanto tempo é que os resultados, e os títulos anteriormente conquistados por Paulo Bento, chegam para aguentar o “casamento” de Bettencourt...
Será que o losango de Paulo Bento perdeu a sua magia?

Ricardo Silva Nº20 11ºB

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

E Viver...

No nosso dia-a-dia cruzamo-nos com centenas de pessoas, na rua, no metro, na escola; todas concentradas em si mesmas e no turbilhão da sua existência. Todos os dias acordamos a dar como certa a nossa vida; a viver no planeado, baseando-nos nas regras. A vivência num grupo que nos ultrapassa é garantida a todos, de uma forma ou de outra. Nunca somos o que pensamos ou dizemos ser, ninguém se conhece a si próprio. E como podemos não mentir aos outros quando nos mentimos a nos próprios?
E pensas tu isto numa insónia constante; e sentes por fim a tua face esbaforida nua e completamente exposta… E só quando finalmente deixas cair a máscara que tão cuidadosamente havias pintado vezes e vezes sem conta é que a cortina escarlate desce. Desengane-se quem pensa: “A vida é como uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charles Chaplin). Não penses que teatro é viver mas, sim, no teatro que é viver, pois vives rodeado da ilusão e do segredo por detrás do rosto.
No espelho também tu vês, ou já viste, as moléculas da tua alma a unirem-se com as da tua máscara. E, quando nasces para ti próprio, acabas também de nascer para todos os que te rodeiam, nisto a que se pode chamar de “vida”.

Diana Amaral 12ºB nº8

segunda-feira, 13 de julho de 2009

COMO CONTRIBUIR PARA A PARTICIPAÇÃO CÍVICA?

Num enquadramento, ainda que breve, podemos notar que o programa “Parlamento dos Jovens” segue diversas etapas ao longo do ano lectivo, contemplando actividades e objectivos direccionados para a vertente da cidadania e culminando com a fase nacional que, este ano, ocorreu nos dias 25 e 26 de Maio último.
Eram 13h30, do dia 25, quando a camioneta que transportava o círculo eleitoral do Porto chegou ao Palácio de S. Bento.
Foi-nos servido um almoço transportável e de seguida, por volta das duas da tarde, os jornalistas, os professores e os deputados foram identificados e recebidos, sendo que estes últimos foram encaminhados, de imediato, para as respectivas reuniões de comissão, onde os projectos de recomendação de cada círculo eleitoral foram debatidos e desse debate cada comissão aprovaria um projecto comum com um limite máximo de 5 medidas e 3 perguntas para serem apresentadas na Sessão Plenária.
Enquanto os deputados prosseguiam com os seus trabalhos, aos jornalistas foi proporcionada uma visita guiada ao Palácio de S. Bento a iniciar-se na Sala dos Passos Perdidos, na qual se pode observar pinturas de Bordalo Pinheiro alusivas à época pré e pós Revolução Liberal de 1820, sempre supervisionada por uma guia que, também, nos mostrou e expôs um pouco da história da Sala das Sessões e do Salão Nobre.
Após o lanche no Claustro, assistimos às actuações de uma cantora lírica e do grupo “Jovens Vozes de Lisboa”, na Sala do Senado, com as quais os jovens deputados, jornalistas e professores vibraram entusiasticamente.
Depois, os participantes dirigiram-se ao refeitório da AR e durante o jantar foi-lhes entregue o documento com todas as medidas aprovadas nas comissões, para que os mesmos se pudessem preparar para o debate na Sessão Plenária. Terminado o jantar, os participantes foram conduzidos ao Inatel de Oeiras.
No dia seguinte, a Sessão Plenária teve início às 10:35h com a intervenção do Vice-Presidente da AR, Manuel Alegre, e do Secretário de Estado da Juventude e Desporto.
Manuel Alegre fez alusão à diferença do tempo de agora com o de antigamente, frisando os problemas que a juventude de hoje enfrenta como a precariedade laboral e relembrando que temos direitos adquiridos. Referiu, também, a função de deputado enquanto representante do povo e disse-nos: “Vocês têm uma arma poderosíssima, a arma de falar”, apelando ao inconformismo, à ousadia, dizendo-nos para usá-la pelo bem comum.
O Secretário de Estado, por sua vez, fez um agradecimento pela participação de todos na iniciativa, que já de si é uma participação democrática, apelando por fim à participação cívica local pelas mais diversas formas, entre elas o associativismo.
A Sessão Plenária dividiu-se em dois períodos de trabalhos. No primeiro, foram apresentadas duas perguntas a cada um dos deputados da AR presentes – Manuela de Melo (PS), Fernando Antunes (PSD), Miguel Tiago (PCP), Teresa Caeiro (CDS/PP), Ana Drago (BE) e Heloísa Apolónia (PEV).
Foi perguntado à deputada do PS como é que o executivo pretendia acalmar o clima de confronto governo - professores/alunos que se vive, actualmente, nas escolas portuguesas, à qual a senhora deputada não respondeu directamente, preferindo desvalorizar este descontentamento, afirmando que a escola que temos é justa, que “a nova ruptura” é necessária e que novos afrontamentos são como que meros obstáculos.
Confrontado com a sugestão de Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, de “seis meses sem democracia”, Fernando Antunes explicou que as palavras da líder do seu partido foram utilizadas fora do contexto. Ferreira Leite pretendia, pois, dizer ironicamente que, com as políticas praticadas pelo governo, mais valia que a democracia fosse suspensa.
Ao deputado do PCP, Miguel Tiago, foi colocada uma questão acerca do financiamento público das campanhas partidárias em tempo de crise. Miguel Tiago afirmou que a democracia acarreta custos económicos que implicam e justificam o apoio aos partidos. No entanto, salientou que, no PCP, 80% do financiamento provém da militância. Disse também que, nessa linha de pensamento, o PCP defende a diminuição do financiamento público e a aposta no financiamento próprio: “Faz todo o sentido, mas os partidos devem angariar os seus fundos através de esforço próprio”.
No fim deste primeiro período, com os deputados representantes de cada bancada parlamentar (PCP, PEV, BE, PS, PSD, CDS/PP), seguiu-se um intervalo para que os jovens deputados pudessem alterar, aditar, escolher ou refutar as recomendações, visando assim, no segundo período, uma recomendação final unanimemente aceite pelas comissões coligadas.
Enquanto decorriam os trabalhos na Câmara de Deputados, os jornalistas “interpelavam” os deputados da AR presentes para esclarecimento de dúvidas e para obterem respostas concretas, dando, deste modo, continuidade à curta sessão no hemiciclo, numa clara manifestação de participação cívica.
É de salientar que a argumentação e contra-argumentação no espaço de debate tornaram a discussão muito rica e demonstraram as opiniões formadas e o carácter consciente dos jovens.
A agenda de trabalhos da tarde, foi preenchida por uma conferência de imprensa dada pelo Presidente da Comissão de Educação e Ciência, António José Seguro, que respondeu às questões colocadas pelos jornalistas das escolas.
Enquanto isso, os trabalhos continuaram na Sala do Senado, procedendo-se à votação das medidas que constituíram a Recomendação final.
A Sessão Plenária Nacional encerrou com a intervenção de António José Seguro que valorizou a existência e a participação dos jovens portugueses no programa “Parlamento dos Jovens”, incentivando cada um de nós à actividade cívica e agradecendo a todos os envolvidos, nomeadamente às entidades que tornaram possível a realização deste evento.

Lúcia da Silva Soares Oliveira – Escola Secundária/3 de Almeida Garrett – Vila Nova de Gaia

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Figura Feminina - III

Camões (influenciado em parte pelo 'petrarquismo') apresenta uma noção interessante da “figura feminina”... “Vou na minha inimiga imaginando …”.
Camões consegue dar um certo contraste, pois a mulher que amamos, supostamente, deve ser nossa amiga e não inimiga, mas o simples facto de não sermos correspondidos já faz brotar sentimentos como ódio, traição … por isso, muitas vezes sermos confrontados com a pergunta “Será que é este o verdadeiro Amor? Será que era isto que eu procurava?”. A “figura feminina” é, sem dúvida alguma, o simbolismo máximo de beleza, de idealismo, mas ao mesmo tempo apresenta-se como uma figura incerta aos olhos de quem a vê (com olhos de ver …) e por vezes até de um simbolismo indescritível (tal como nos é dado a entender por Petrarca). A “figura feminina” é também responsável pelo fenómeno que designamos por Amor, será ele mais incerto que a própria mulher? Afinal, “Amor é fogo que arde sem se ver”, sendo por isso a “figura feminina” o despoletar deste conjunto de emoções tão indefiníveis como ela própria!
Concluindo, se a “figura feminina” e o seu coração fossem fáceis de conquistar, não haveria o desejo e consequentemente não haveria a felicidade ‘singular’ que só o Amor nos consegue proporcionar … Agora dou por concluído (pois tenho de acabar …) este retrato da mulher que vejo neste quadro, a fim de descrever uma figura singular! (enquanto símbolo da beleza feminina …). Se não somos correspondidos, para quê tanto tempo “perdido” em triste enganos …

Paulo Jorge Pona, Nº 21, 10ªE

Figura Feminina - II

Se não a tivesse visto, duvidava que existisse uma figura assim.

Um olhar belo, calmo, sossegado, sincero, honesto, profundo. Voltei a olhá-la para ter a certeza de que a vira, de que a vira bem. Era bela!

Os cabelos compridos, claros... Rodeada de folhas e flores porque lhe convinha. Tinha um nariz pequeno, uma boca harmoniosa. Não sei quem é ou de onde apareceu. Não sei qual o seu presente ou as peripécias do seu passado. Não parecia real porque era perfeita. Pareceu um reflexo, ou um sonho… Era bonita, dourada como o irradiar da paz. Virgem, sensata.

Depois de a ter visto, ou sonhado, logo, fiquei admirado. Fui invadido pelo deslumbramento.

Mafalda Amorim, nº 20, 10ºE

Figura Feminina - I

Todas as mulheres são diferentes, todas têm os seus traços e personalidades, e é isso que torna cada uma delas única. Por isso vou descrever uma mulher, única!
Longos cabelos, negros, lisos, caem pelo seu corpo. Combinam perfeitamente com a sua pele escura e suave.
O seu olhar penetrante é complementado pelo seu sorriso agradável, que mostra a sua simpatia e a felicidade que sente.
A maneira como segura qualquer objecto, com uma gentileza extrema, como se tivesse medo de o magoar, dá vontade de lhe pertencermos, para sermos tratados assim.
O seu corpo, deitado de uma forma tão delicada faz qualquer pessoa relaxar, só de ver!
Enfim, é uma mulher, é bela à sua maneira, é única!

Diogo Martins, nº19, 10ºE

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Visita ao Museu Romântico

Talvez por ser passado, talvez por ser ‘Romântico’ ou talvez por alguma coisa que não sei explicar, a visita ao Museu Romântico fez-me sonhar!
Durante o passeio até ao Museu, confesso que não senti nada mais do que…um passeio, provavelmente por me serem locais já familiares. No Museu, porém, a emoção foi diferente. Era algo desconhecido que me suscitava um interesse enorme por cada pormenor da casa. O silêncio durou toda a visita, ouvindo-se apenas a voz da guia. Esperava uma casa rica, luxuosa, com peças únicas e valiosas como a de todos os reis, mas a verdade foi bem diferente e não fez com que me decepcionasse. Pelo contrário! Era uma casa tão simples e tão acolhedora que me fez sentir numa máquina do tempo que me levasse até 1849, deixando-me descobrir cada vivência e cada história que ali tivessem acontecido. O quarto do Rei Carlos Alberto, por exemplo, transmitia melancolia e era como se o estivesse a ver, naquele momento, deitado na cama sem se conseguir levantar.
À vinda, fiz o mesmo percurso que tinha feito para o Museu e a sensação foi completamente diferente! Estar em locais que sabemos terem mais de cem ou duzentos anos, que, se pudessem falar, tinham tantas histórias para nos contar, fez-me pensar de outro modo. Apesar de me serem familiares, têm tanta coisa que eu não conheço! Foi, sem dúvida, um agradável passeio pelo Porto de oitocentos e aconselho a visitar o Museu Romântico a todos aqueles que gostam de sonhar!



Carolina Coimbra, 11ºD

quinta-feira, 4 de junho de 2009

"O 'Amor' "

De entre ilusões e emoções, frígidos olhos que me miram e me aquecem. Essa és tu. Essa é quem fez a magnólia fechar de novo, tudo por teus olhos.

Cabelos escuros embutidos de estrelas desenham o teu contorno na parede rugosa, embelezando-a com a tua sombra clara. Clara, a tua sombra ecoa nos meus ouvidos como o cântico puro de um pássaro que levanta o Sol todos os dias. Gostava eu de ser esse pássaro e nunca deixar o dia morrer pois se isso acontecesse aprisionaria o teu ser na minha mente e deixaria de ser livre. Nos rochedos da praia eu vejo-te flutuando com o teu vestido ondulante de água azul; como uma sereia, a água dominas e controlas.

Intemporal sejas, ‘Amor’!


Gabriel António, nº9, 10ºE

quarta-feira, 3 de junho de 2009

‘’O Café’’ de Fassbinder

‘’O capitalismo aqui instaurado não serve para criar uma «sociedade feliz», uma sociedade em que se evolui para um bem-estar comum ou para o bem-estar de quem quer que seja. Apenas produz sobreviventes.’’

Nuno M.Cardoso


O capitalismo é, nesta peça, a substância unificadora da sociedade retratada. É conjuntamente matéria-prima e produto desta sociedade desinteressada, ou por outras palavras, interessada no desinteressante.
Diz o encenador que ‘’o capitalismo aqui instaurado não serve para criar uma «sociedade feliz», uma sociedade em que se evolui para um bem-estar comum ou para o bem-estar de quem quer que seja. Apenas produz sobreviventes.’’ É que esta massa unificadora tem também um alto poder revelador. Revela a natureza de quem nela se embrenha. Revela a sede por aquilo que falsamente enaltece o Homem. Revela a podridão da natureza humana. Revela a loucura e os vícios de quem, por tanto querer viver, acaba sobrevivendo, ou, se quisermos, subvivendo. Isto é, vivendo ao sabor das paradisíacas mas esbatidas promessas do dinheiro. E quando essas promessas ficam por cumprir aparecem os vícios, que para além de prometerem colorir a realidade trazida pelo dinheiro (ou falta dele), ainda prometem mais e melhor, levando as pessoas a viverem uma vida sem conteúdo, numa finíssima felicidade aparente.
O capitalismo é, então, o fio condutor deste Café; forçando as pessoas a seguir um caminho com auge na felicidade, caminho esse que se estreita infinitamente, não chegando a lado algum. Imaginemos agora a imensidade de pessoas que seguem estes caminhos todos paralelos, e veremos que a felicidade, esta nebulosa felicidade, é não conjunta, não partilhada, e, por isso, ainda mais esbatida.
Podemos dizer que o capitalismo de que esta sociedade se alimenta baseia-se na ilusão longínqua de que algo substancialmente bom se alcançará. Não se nota é que as pessoas já estão perdidas antes mesmo de começarem essa busca.

Inês Gonçalves, 11º E

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Feira de Orientação

No âmbito da Orientação Escolar e Profissional, o SPO organizou no dia 16 de Abril a “Feira de Orientação”, que decorreu das 9.00h às 12.30 e das 14.00h às 17.00h. Este evento tinha como principais objectivos:
- Promover o desenvolvimento vocacional dos alunos;
- Facultar o envolvimento dos alunos em actividades de exploração vocacional;
- Divulgar diferentes e variadas modalidades de formação;
- Diminuir o abandono escolar, promovendo a realização de escolhas.
Destinava-se a toda a população escolar, mas salienta-se como principais alvos o 9º, o 11º e o 12º anos, ou seja, os momentos que antecedem escolhas e consequentemente em que os alunos estão mais receptivos a uma actividade deste género; no entanto, verificou-se que os alunos de todos os outros anos de escolaridade revelaram muito interesse nesta feira, recolhendo informações, questionando os representantes das instituições e participando nas actividades propostas.
Estiveram representadas vinte instituições, sete do ensino profissional: AESBUC (Associação para a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica), DUAL (Escola Profissional), CICCOPN (Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do Norte), CECOA (Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins), CITEX (Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil), Escola Profissional do Infante e a Escola Profissional de Gaia; e doze do ensino superior: Universidade de Aveiro, Universidade Fernando Pessoa; Universidade do Minho, Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto; Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da UP, Faculdade de Economia da UP, Faculdade de Engenharia da UP, Faculdade de Letras da UP, Instituto Superior de Serviço Social; ISAG (Instituto Superior de Administração e Gestão); ISLA (Instituto Superior de Línguas e Administração) e a Escola Superior de Educação Paula Frassinetti. Contámos ainda com a presença da Escola Segura e de uma Equipa Cinotécnica da Polícia. Algumas destas instituições como a Faculdade de Economia e o Departamento de Química da UA, destacaram-se pelas experiências interactivas que proporcionaram aos alunos permitindo a vivência de situações reais facultando um conhecimento mais aprofundado e realista das formações e das profissões. O mesmo aconteceu com a Escola Segura, em que no período da tarde a Agente Fernanda se fez representar com o motociclo tão característico desta instituição e com a equipa cinotécnica da Polícia que expôs os materiais técnicos que costuma utilizar durante a sua actuação no terreno, trazendo também os cães os quais fizeram uma pequena demonstração do trabalho efectuado pelos mesmos.
Esta actividade teve a colaboração dos Directores de Turma e/ou outros Professores, que reservaram uma pequena parte da sua aula para poderem acompanhar os alunos à Feira; gostaria de salientar, também, a valiosa colaboração do professor António Pinto na divulgação deste evento através da elaboração de um cartaz.
Em termos imediatos, a avaliação deste evento parece-me positiva na medida em que se afirmou pela criação de oportunidades, de caminhos… que poderão traduzir um princípio válido nos processos de ajuda de tomada de decisão; por outro lado, verificou-se grande adesão e receptividade de toda a comunidade escolar. No entanto, é difícil ou mesmo impossível determinar o efeito deste acontecimento nos futuros comportamentos e atitudes dos alunos.
Numa sociedade em constante mudança, em que a diversidade de alternativas é cada vez maior, impõe-se o desenvolvimento de competências de exploração, informação e de tomada de decisão. São, pois, estes os objectivos que norteiam a orientação vocacional especializada, dirigida a todos os alunos, especificamente àqueles que se encontram entre o 9º ano e o momento da respectiva inserção no mercado de trabalho.

Dra. Regina Fernandes

quinta-feira, 21 de maio de 2009

FICHA DE LEITURA: NÃO DIGAS NADA À MAMÃ

Quando vi este livro na livraria, o seu título despertou-me a atenção. Depois de ler a contracapa ainda mais curiosa fiquei. A sua autora é Tony Maguire. É Inglesa e é a narradora e personagem principal da história.
Viveu 20 anos em Londres, actualmente divide o seu tempo entre Norfolk na Grã-Bretanha e a cidade do Cabo na África do sul. Este livro, “Não digas nada à Mamã”, que conta a história da infância e adolescência de Tony foi um dos livros mais vendidos em 2007, no Reino Unido e está traduzido em várias línguas.
Tony recorda quando tinha apenas 6 anos. A sua vida mal começara, mas já sentia as suas amarguras. O Pai começou a molestá-la por essa altura. Quando ela contou à Mãe, esta fez aquilo que nenhuma Mãe deveria fazer; disse-lhe para nunca mais falar nesse assunto. Os anos passaram-se e Tony foi crescendo e os abusos também. O Pai proibiu-a de contar à Mãe ou a outras pessoas. Ameaçava-a constantemente. Aquele seria “o nosso segredo”, e se ela alguma vez se atrevesse a contar a alguém o que quer que fosse, ninguém iria acreditar e culpá-la-iam. Assim foi, Tony engravidou do Pai aos 14 anos e ganhou coragem para revelar o seu segredo. Contou ao seu médico e à Mãe que a culparam, uma vez que deveria tê-lo feito logo no início, não 8 anos depois quando já estava grávida. O Pai foi preso mas não foi por isso que os seus problemas acabaram. Fez um aborto, mas como a criança já estava muito desenvolvida, quase ia morrendo devido a um a hemorragia e ficou estéril. Tentou então afastar-se da Mãe de quem tanto gostava e arranja um trabalho como ama em casa de uma família. Mentiu-lhes sobre a sua identidade, mas eles acabaram por descobrir a verdade e como todos os outros também não compreenderam o seu silêncio.
Tentou matar-se com álcool e comprimidos, cortou os pulsos, sentia que a sua presença na terra era inútil. Foi internada num hospital psiquiátrico onde finalmente se curou e percebeu que afinal pertencia ao mundo, mas que tinha de lutar sozinha. Voltou a viver com a Mãe até que o Pai saiu da prisão. Nessa altura sentiu que tudo aquilo que tinha reconstruído com a Mãe se desmoronava novamente.
Agora Tony já é adulta encontrando-se no hospital a fazer companhia à Mãe, nos seus últimos dias de vida. Pensa em tudo o que lhe aconteceu na infância e que, se tivesse afastado dos Pais talvez o seu percurso fosse diferente.

Este livro prendeu a minha atenção não só pela veracidade da sua história, mas também pelo facto de nos levar a reflectir sobre um drama tão intenso com que se debateu uma criança, obrigada a ocultar da própria Mãe, um segredo que a iria marcar para o resto da vida. Não foi só uma relação pedófila mas também incestuosa. Um duplo sofrimento. Admiro a autora do livro (narradora e personagem principal) que foi capaz de se expor desta forma, porque talvez tenha encontrado na escrita uma maneira de expulsar a sua dor e encarar com mais optimismo a vida que ainda tinha pela frente. O relato que faz do seu passado revela uma mulher madura, corajosa e sensível, que foi capaz de ultrapassar a solidão e todos os fantasmas que assombravam a sua vida. Com a morte da Mãe, Tony apaga o seu tortuoso passado.
É realmente um exemplo de uma mulher lutadora. Infelizmente sabemos que muitos outros casos existem e que nunca são revelados. “Não digas nada à Mamã” talvez incentive essas mulheres a denunciarem esse tipo de violência.

Escolhi uma passagem que para mim resume grande parte da história: Trata-se de uma conversa entre Tony e um Padre do hospital:
“ – O amor é um hábito difícil de quebrar (…) muitas mulheres que tiveram de escapar para refúgios aceitam muitas vezes os companheiros de volta. Porquê? Porque amam não o homem que as maltratou, mas o homem com quem julgaram ter casado (…) os laços de amor formam-se quando se é bebé: a união entre Mãe e filha é forjada nessa altura. (…) As suas emoções estão em conflito com a sua lógica. Emocionalmente, carrega com a culpa da sua infância; racionalmente, sabe que os seus Pais não a merecem e sabe que tão pouco os merecia a eles, nenhuma criança merecia (…). E finalmente contei-lhe o que nunca tinha explicado a ninguém, o que sentia a respeito da Antoniette, a criança que já fora eu.
- Ela teria sido muito diferente se a tivessem deixado crescer normalmente, ir para a universidade, fazer amigos. Nunca teve essa hipótese e sempre que alguma coisa corre mal na minha vida culpo essa infância. Quando eu era muito mais nova, ela apoderava-se de mim e eu revivia novamente todas as suas emoções. Era então que me metia em relações em que era psicologicamente maltratada, com a sensação confortável de um ambiente conhecido. Ou que recomeçava a beber. (…). – Ela nunca me amou. Agora precisa de mim para poder morrer em paz, com o seu sonho intacto, o sonho de um marido atraente que a adora, de um casamento feliz e de uma filha. Eu não passo de uma figurante no seu último acto. É o meu papel aqui.
- E vai destruir esse sonho?
Pensei na forma pequenina da minha Mãe, tão dependente de mim agora. – Não – suspirei – como podia fazer uma coisa dessas?” (Cap. 24 pág. 208/209).

Marta Sofia 11ºB, nº 16

Duas lágrimas, um grande sorriso!

Uma lágrima! Uma lágrima apenas! Foi tudo o que ela conseguiu fazer, a sua única reacção quando foi confrontada com a terrível verdade! Essa lágrima gorda e límpida caiu-lhe do olho direito e, lentamente, escorreu-lhe pela face. Caiu-lhe do olho, passou pela bochecha até chegar à boca. Aí ela sentiu o sabor salgado da sua lágrima… percebeu, então, que toda a sua vida, que até então tinha sido doce, se transformara e, num instante, passara a ser salgada como esta lágrima. Num instante tudo mudara! E, apesar de todo o seu esforço para voltar atrás no tempo nem que fossem dois dias, ela sabia que era impossível. Mesmo que o tempo andasse para trás, dois dias seriam insignificantes. O problema vinha de há alguns meses.
Fechou os olhos. Pensou em tudo o que lhe tinham contado nesse dia. Por um momento parecia que o mundo se tinha desmoronado à sua volta. Abriu os olhos. Estava no cemitério. Todos à sua volta choravam, mas ela, mais uma vez, apenas conseguiu derramar uma única lágrima. Sabia que ele não se importava. Ele apenas queria o seu sorriso.
Um grande sorriso! Costumava dizer-lhe: “quando eu morrer, a vida continua. Apenas a minha acaba. E tu vais continuara a sorrir!”. E ela fez o que ele lhe pedira. Deu-lhe o maior dos seus sorrisos. E a vida continua, mas sem nunca o esquecer!

Marta Sofia, 11ºB, nº 16

A Exploração Infantil

“ Agredidos, famintos, explorados em milhões de ateliers e fábricas, recrutados por grupos armados, encerrados em bordéis – as crianças são mais espezinhadas do que nunca num mundo que, no entanto, não pára de se maravilhar com o seu próprio progresso …”
É um facto que o trabalho infantil não é, de modo algum, uma invenção do mundo moderno. Na antiguidade, na Idade Média, nos séculos XVII e XVIII, as crianças trabalhavam arduamente nas sociedades rurais do Ocidente bem como no resto do mundo. A exploração infantil atingiu o seu auge no século XIX, na Europa, com condições de trabalho que podemos ainda hoje encontrar em alguns países do Terceiro mundo.
Quantas crianças existirão nestas condições hoje em dia?
Os tempos que correm trazem-nos um paradoxo assombroso: por um lado a criança é maltratada por todo o planeta como nunca o fora antes; por outro lado os seus direitos nunca foram tão abertamente afirmados.
É uma missão impossível concretizar o número de crianças que vivem esta situação, pois uma grande quantidade esconde-se sob o véu da clandestinidade. No entanto os números publicados actualmente pelo Gabinete Internacional do Trabalho e pela UNICEF apontam para cerca de 250 milhões de crianças a trabalhar por todo o mundo, as mais jovens das quais com menos de 5 anos de idade.
Até os países socialmente mais “avançados”, como os Países Baixos ou a Dinamarca, assistiram à reaparição deste fenómeno.
Dos Estados Unidos, onde as infracções à legislação sobre o trabalho infantil aumentaram 25%, até ao Terceiro Mundo, o flagelo continua de uma forma que parece inexorável. Índia, Bangladesh e Paquistão batem os recordes absolutos. Na Índia, o sistema de castas torna o trabalho infantil socialmente aceitável.
O continente Africano não lhe fica atrás, onde uma em cada três crianças trabalha. Na América Latina, uma em cada cinco crianças … serão precisos mais números?
Até quando os valores economicistas irão sobrepor-se aos da saúde e felicidade das nossas crianças?
Estes pequenos obreiros que tudo fabricam, de tapetes a explosivos, de sapatos a tijolos, durante dez e mais horas por dia, sob luzes artificiais e temperaturas elevadíssimas (no fabrico do vidro, por exemplo).
Isto é ainda mais triste e desolador quando somos confrontados com a indústria de recuperação de resíduos, com as imensas lixeiras a céu aberto como nas Filipinas, onde, nas proximidades de Manila, milhares de crianças se afadigam naquilo que é conhecido como a “montanha fumegante”. Crianças desprotegidas face a doenças como o tétano, doenças dermatológicas e infecções parasitárias.
Quem lhes devolverá o seu amor-próprio após meses e anos dessa actividade onde eles se confundem com os desperdícios, os detritos, o lixo que uma sociedade desigual e violenta lhes destina como forma de vida?
Nos Emirados Árabes Unidos existe um espectáculo proporcionado por corridas de camelos, cujos jóqueis são crianças amarradas ao dorso dos animais que, incitados pelos gritos de pânico das crianças jóqueis, correrão muito mais. No entanto entre as corridas estas crianças executam trabalhos domésticos em casas, para não se tornarem demasiado dispendiosas.
De acordo com a Defesa Internacional da Criança, em cada ano que passa são levadas ou compradas seis mil crianças no Paquistão e cinco mil no Bangladesh para servir no Golfo Pérsico. Algo de muito semelhante acontece às crianças que servem de “petites bonnes” em toda a África Ocidental, onde as famílias rurais colocam as suas filhas, as mais jovens, com cerca de 5 anos de idade, em casa de “parentes” estabelecidos na cidade, a troco de dinheiro. A criança nada recebe e faz todo o tipo de trabalhos domésticos, inclusivamente serviços sexuais. Ao chegar à adolescência a petite bonne será reenviada, muitas vezes grávida, para a sua aldeia ou abandonada em barracas miseráveis, que elas próprias pagam com a prática ocasional da prostituição.
É esta a infância de muitos milhares de crianças da Guiné até Dakar.
A saída para muitas destas crianças é a rua, onde fugindo do jugo do empregador-explorador, caem nas mãos dos gangs, das drogas e da delinquência. Dormem nos passeios, sujas e assustadas e sobreviver é a sua palavra de ordem: no Rio de Janeiro são assassinadas, em média, três meninos da rua por dia.
Este fenómeno insere-se num outro mais abrangente que a economia global traz consigo: a competitividade, a mão-de-obra barata, a ausência de um Estado Social que proteja os mais frágeis e indefesos … a desvalorização de Escolarização. No Terceiro Mundo um terço das crianças que começam a frequentar o ensino primário acabam por abandoná-lo a meio.
Perante isto, que fazer?
Sabotar a venda/compra de produtos fabricados por crianças? Também esta medida teve efeitos negativos, nomeadamente em países cuja exportação vive desses produtos, pois imediatamente levou para a rua milhares desses pequenos operários.
É imperativo fazer cumprir os muitos textos legislativos que proíbem o trabalho infantil. É urgente fazer respeitar a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, não só nas empresas como no seio da própria família. É preciso negociar a escolarização de todas as crianças que trabalham e que se vêem excluídas dum desenvolvimento físico e mental normal e que correm perigo de vida em trabalhos que envolvem força bruta, escravidão e prostituição.
Será utópico chamar a atenção do mundo para todas as formas de aniquilação da infância? Devemos pactuar com um mundo que devora as suas crianças?

A nós parece-nos que a ideia fundamental a defender é a de que a criança é um valor único, não é uma simples preparação para a vida: ela é a própria vida.
Como diz Gabriela Mistral: “A criança não pode esperar, o seu nome é Hoje”.
Bibliografia: “Um mundo que devora as suas crianças” – Claire Brisse

Marta Sofia, 11ºB, nº16

Drogas na Sociedade

O medo da má inserção na sociedade é um dos maiores problemas que a estirpe estudantil dos dias de hoje enfrenta. Opiarmo-nos de verdade é bem mais envolvente que o uso de uma qualquer droga para o exibicionismo social. A constrangedora verdade é que, o vício incutido pelos maus hábitos, parece deliberar um estatuto, delinquindo o que será a geração futura… O que nos distingue é a nossa capacidade de pensar, inferir e agir conforme os nossos valores e condicionantes. E se nos limitarmos a imitar o próximo que nos é invejável? Então, futuramente, seremos nada mais que uma sociedade de primatas catando piolhos num pequeno círculo no meio da ignorância.
Pois, ao que parece, é aceite cometer um todo de comportamentos reprováveis aos olhos de uma outra qualquer sociedade e ser apenas um jovem na idade da adolescência. Mas mais uma vez a anarquia começa, não a imperar, mas a estar na moda. Caminhamos a passos largos para o desespero social pela incultura e ignorância. Trocando Camões por drogas leves e um par de cigarros pela inteira “Tabacaria”.

Diana Amaral 11ºB nº10

domingo, 17 de maio de 2009

O dia em que tudo “mudou”

O ‘25 de Abril’ é a data da ‘Revolução dos Cravos’. Esta foi a expressão achada para designar a abolição da ditadura em Portugal pelo MFA, tornando-o, então, num país livre. Mas haverá realmente um país ou mesmo ideais totalmente livres? E, se houver, serão mesmo positivos? Bem, da análise a este acontecimento particular ao nosso país, o termo ‘Revolução’ não pode ser apenas considerado só um sinónimo para uma “mudança de ares políticos”, mas também uma mudança que o português comum desejava com fome e sede. E numa vaga chegou. Esta conquista propôs instalar princípios de igualdade numa sociedade enfraquecida e demente que olhava de baixo para uma ‘guerra fria’ que testava o limite de ‘suspense’ suportável pelo ‘homem’. A economia oscilava como o mar selvagem dos ‘Descobrimentos’, tendo durante os anos 60 prevalecido a emigração. Parecia a viagem dos salmões quando sobem os rios sabendo que a morte pode ser a sua meta. Mas, no fim de contas, toda esta situação se resume à frase tornada famosa por aquela publicidade do “Apetece-me algo de especial, Ambrósio”. Na verdade, o povo português, descontente, apela a uma outra mudança transversal de 360º que guie a carruagem que transporta a já pesada história para um atalho de ‘felicidade’, inalcançável, talvez, do ponto de vista moral. E assim, e com todo o crédito depositado na dúzia de pessoas com iniciativas verdadeiras, esta “Revolução”conseguiu (após outras tentativas falhadas) o que se dizia ser a condição para estruturar o pensamento: a ‘Liberdade’.
Mas o ‘25 de Abril’ acabou por ser uma demonstração de que está na natureza humana querer mais e, pessoalmente, gosto de ver que ainda somos humanos… sonhámos! Valeu a pena?

Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu

Fernando Pessoa

Gabriel Pinto, nº9 do 10ºE