
in “Praia” de Sophia de Mello Breyner Andresen
Entreguei-me a todos os sentimentos que envolviam aquela noite e deixei-me levar pela brisa suave do mar. Na areia molhada ia caminhando e deixando o rasto de leves pegadas.
Parei e olhei para trás. Já só restavam algumas. Em pouco tempo eram levadas pelo mar e desapareciam gradualmente sem deixar uma única marca. As lágrimas escorreram-me pela face. Eu própria estava a desaparecer. Eu própria estava a tornar-me fraca de uma maneira ainda mais rápida do que cada pegada. E eu não percebia por que é que tudo tinha de ser assim.
Sentei-me na areia molhada e deixei que o mar me abraçasse. Inalei o perfume da brisa, e deixei que a música das ondas me envolvesse naquela noite.
A minha vida valia mais do que isso. Valia mais que todas as pegadas que tinha deixado ali. Valia muito mais que aquela noite. Fechei os olhos e deixei-me entrar na maresia envolvente, deixei-me entrar em cada perfume, em cada murmúrio, em cada silêncio, em cada sombra e em cada brilho. A promessa tinha de ser cumprida!
Carolina Coimbra
Nº21, 11ºD
3 comentários:
Sem dúvida que os textos de Sophia inspiram qual quer um :D não querendo com isto tirar, como é lógico, o mérito à carolina...
Parabéns pelo texto, está sem dúvida muito criativo e diria até mesmo, poético =).
É de facto um texto com alguma força poética. Gostei muito das imagens por ele transmitidas. Parabéns.
A sensibilidade que a Carolina revela nos textos que escreve deixa adivinhar o seu talento musical. As imagens e as sonoridades utilizadas merecem e exigem um título. Combinado?
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