quarta-feira, 1 de julho de 2009

Figura Feminina - III

Camões (influenciado em parte pelo 'petrarquismo') apresenta uma noção interessante da “figura feminina”... “Vou na minha inimiga imaginando …”.
Camões consegue dar um certo contraste, pois a mulher que amamos, supostamente, deve ser nossa amiga e não inimiga, mas o simples facto de não sermos correspondidos já faz brotar sentimentos como ódio, traição … por isso, muitas vezes sermos confrontados com a pergunta “Será que é este o verdadeiro Amor? Será que era isto que eu procurava?”. A “figura feminina” é, sem dúvida alguma, o simbolismo máximo de beleza, de idealismo, mas ao mesmo tempo apresenta-se como uma figura incerta aos olhos de quem a vê (com olhos de ver …) e por vezes até de um simbolismo indescritível (tal como nos é dado a entender por Petrarca). A “figura feminina” é também responsável pelo fenómeno que designamos por Amor, será ele mais incerto que a própria mulher? Afinal, “Amor é fogo que arde sem se ver”, sendo por isso a “figura feminina” o despoletar deste conjunto de emoções tão indefiníveis como ela própria!
Concluindo, se a “figura feminina” e o seu coração fossem fáceis de conquistar, não haveria o desejo e consequentemente não haveria a felicidade ‘singular’ que só o Amor nos consegue proporcionar … Agora dou por concluído (pois tenho de acabar …) este retrato da mulher que vejo neste quadro, a fim de descrever uma figura singular! (enquanto símbolo da beleza feminina …). Se não somos correspondidos, para quê tanto tempo “perdido” em triste enganos …

Paulo Jorge Pona, Nº 21, 10ªE

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