quarta-feira, 28 de maio de 2008

"Dar o Litro"





Na passada segunda-feira, 26 de Maio, a turma A do 9º ano, no âmbito do projecto de Formação Cívica e em parceria com o Instituto Português do Sangue realizou uma sessão de dádivas de sangue. A organização desta actividade teve a contribuição indispensável da professora Marisa Torres.
As dádivas decorreram durante todo o dia, apenas tendo existido um pequeno intervalo para almoço.
É de louvar a grande adesão que a iniciativa teve, tendo havido 81 dadores inscritos, 23 dos quais alunos (com 18 anos ou mais, condição indispensável para se ser dador).
Destes inscritos nem todos puderam realizar a colheita de sangue, já que a toma de medicamentos é, por vezes, impeditiva.
Esta foi uma actividade que cumpriu plenamente os objectivos, através de uma acção cívica empenhada e consciente.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ao longo do tempo e contra o tempo

Bernini, Plutão Raptando Proserpina, 1622


"O que é essencial numa autêntica cultura é uma certa maneira de conjugar as relações entre o tempo e a morte individual.
A força da vontade que engendra a arte e o pensamento desinteressado, a resposta empenhada que, só ela, é capaz de transmitir a arte e o pensamento a outros seres humanos, ao futuro, enraízam-se numa aposta na transcendência. O escritor ou pensador visa que as palavras do poema, as linhas da argumentação, as personagens do drama, sobrevivam à sua própria morte, participem do mistério de uma presença e de um presente autónomos. O escultor confia à pedra a energia vital, ao longo do tempo e contra o tempo, que em breve abandonará as suas mãos de carne.
A arte e o espírito dirigem-se aos que ainda não existem, ainda que sob o risco, um risco deliberadamente assumido, de não serem reconhecidos pelos vivos."

George Steiner,
No Castelo do Barba Azul, Algumas Notas para a Redefinição de Cultura, Relógio de Água, Lisboa, 1992

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Cerejas como palavras


Cerejas em Maio
maturam palavras
em tua boca

Palavra puxa palavra

Comentário para aqui fugido:

difícil é, em muitas ocasiões, esquecer o gosto de uma lágrima, o brilho particular de um olhar, o som dos pássaros ao rasgar da manhã. recordar é importante. esquecer será, por vezes, sobreviver.

domingo, 18 de maio de 2008

Matsuo Bashô (1644 - 1694) II

Não esqueças nunca
o gosto solitário
do orvalho

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Robert Rauschenberg

O pintor americano Robert Rauschenberg morreu, aos 82 anos, na Florida, na noite de segunda-feira 15 de Maio, em Captiva Island, onde residia.
Passou por Serralves, na inauguração da sua exposição Em Viagem.

A pintura diz respeito tanto à arte como à vida. Nenhuma delas pode ser construída. (Tento agir no intervalo entre as duas).


National Spinning / Red / Spring
Cartão, 1971
254 X 250,2 X 21,6 cm




segunda-feira, 12 de maio de 2008

Maio em Paris, há 40 anos II







Joga pelo sonho

Vamos jogar!
Aquece as ideias
E põe-nas no lugar.
Dribla os sentimentos,
Finta os obstáculos,
Defende aquilo em que acreditas.
Recebe motivação,
Dá três passos em direcção ao teu sonho
E remata com todo o coração.
Só assim serás campeão!


Sofia Almeida [10º D, nº 25]

Vamos tomar um café





A peça “O Café”, a que tivemos o prazer de assistir no Teatro Nacional de São João, na agradável noite de 22 de Fevereiro, é uma peça cheia de movimento, energia, divertimento, e, claro, muito riso.
A famosa peça, de Carlo Goldoni, tem imensos cenários, mas o cenário principal, que todas as personagens frequentam, é o pequeno cubículo do Café do Ridolfo, um homem muito honesto e verdadeiro.
Na peça, nenhuma das personagens se destaca, já que todas elas são essenciais para a compreensão da história, que se passa toda na bonita e molhada Veneza: os defeitos humanos, o jogo, as traições, as infidelidades.
Os cenários, que vão aparecendo e desaparecendo ao longo da história, são a casa de jogo, a hospedaria, a casa da bailarina e a barbearia.
A casa de jogo é dirigida por Pandolfo, um gatuno que não se importa de ganhar a vida a roubar as pessoas. Um dos seus clientes é o senhor Eugénio, um homem que está sempre a perder dinheiro ao jogo, ainda por cima dinheiro que lhe foi emprestado, dando ele por garantia a sua palavra. O rico e convencido Conde Leandro pensa que é o melhor. Ganha sempre no jogo e vai casar-se com a disputada bailarina. No entanto, ele é casado e anda a fugir da mulher, que o vai procurar a Veneza. Em torno destas complicações todas, paira sempre o senhor Dom Márcio, um homem muito dado aos mexericos e que teima sempre em ter razão.
De repente, a magia do teatro! Eu já não estava na Praça da Batalha, em Portugal… De um camarote do lado direito vinha uma música encantatória; o palco, que começara a encher-se de água, transbordava. A ilusão de estar em Veneza, na Itália, era perfeita. Não me faltou vontade de saltar para a cena e ir tomar café no cubículo do senhor Ridolfo…
Os aplausos e sorrisos não cessavam… Eu tinha regressado à plateia do Teatro Nacional de S. João…

Ana Filipa Marta Gonçalves [10º E , ­ nº 3]

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ida ao mágico universo do teatro!




O Café de Carlo Goldoni

Ao início, estávamos muito receosos e apreensivos, cheios de perguntas para as quais as respostas iam surgir dentro de momentos… Como seria o espectáculo? Que público iríamos encontrar? Qual o tipo de peça? Iríamos entendê-la? Enfim, questões e incertezas explicadas pelo facto de, para muitos, ser a primeira vez que iam entrar num teatro profissional e ter a oportunidade de ver de perto, à distância de um palco, actores conhecidos e, o mais fascinante, os autores das vozes de desenhos animados que marcaram a nossa infância!
Estávamos à espera de um público muito formal, para o qual o simples acto de rir teria de ser controlado, senão sentir-nos-íamos inferiores… mas felizmente estávamos enganados!
O mundo do teatro desde logo nos fascinou por completo: o edifício imponente, uma decoração rica e antiga… Lindo, o Teatro Nacional de S. João, no Porto!
O teatro para os jovens é maçudo e frustrante, mas a nós encheu-nos de boa disposição, curiosidade e admiração.
É quase impossível descrever o que se sente ao estar num teatro. É fascinante! …
Ao entrar, encontrámos funcionários vestidos formalmente que recebiam os bilhetes da entrada. Esperava-nos depois a sala de espectáculo: à porta, fomos acompanhados simpaticamente para os nossos lugares por um jovem funcionário do teatro, também ele com roupas formais… Bem, sentíamo-nos verdadeiros elementos da corte…
Quando tudo isto passou, reparei no aspecto da sala: nunca imaginei que fosse tão bela. Era a mais bonita que alguma vez vira: toda trabalhada, o vermelho, o dourado. As bancadas transportavam-nos mesmo para o tempo da monarquia…
Começaram, finalmente, as pancadas iniciais que indicavam que dentro de breves instantes a peça teria início, e a sala mergulhou num profundo silêncio. Nesse momento, o espírito de todos encheu-se de curiosidade, emoção, agitação… a sinestesia era total.
Os actores surgiram por entre o público e isso criou desde logo uma interacção formidável… De imediato, fomos como que “teletransportados” para outro universo… outra época… outro tempo… Veneza… Itália…
O cenário era maravilhoso! O palco rapidamente ficou completamente inundado. Ou não estivéssemos nós em Veneza! … As personagens, cada uma com a sua história e lição de vida, eram muito engraçadas. Mas, sem dúvida, a mais cómica de todas era o D. Márcio (alcoviteiro da cidade), cuja sua frase mais célebre era: «fluxo e refluxo pela porta das traseiras». Com este, o público riu com um gargalhar intenso…
Os risos das pessoas … os cenários… a música ao vivo… as personagens… a água… a sala… tudo era mágico! Foram duas horas muito bem passadas e que contribuíram para aumentar a cultura de cada um…
No final, todos saímos com um enorme sorriso no rosto, com a emoção ainda a transbordar nos olhos, e fundamentalmente com o desejo aumentado de voltar e apreciar teatro português…

Adriana Costa [Nº 1, 10º E]

Enquanto o Homem sorri…

Esclareça qual o divertimento
Dos animais no circo; para si
Já reflectiu em algum momento
Que o coração deles não sorri?

“Nos juízos de valor,
Encontrámos o Homem total”
Então clarifique qual é o valor
De ver sofrer um animal.

Distancie-se do imediato,
Tente ver com razão
Por que é que será que um urso
Consegue dançar sem duas patas no chão?

Música, fogo e sofrimento
São a base da aprendizagem.
Música, fogo e sofrimento
Para si apenas uma miragem.

O Homem diz-se racional,
Não se diz o mesmo do leão.
Mas extremamente irracional
É o que se faz por diversão.

Distinga Douta Ignorância de cegueira,
Aborde o tema deste papel,
Ponha fim a esta maneira
Do Ser Humano ser tão cruel…

Catarina Susana Pereira Fernandes [10º D]

Is There Anybody Out There?

Neste silêncio, que ninguém quebra, uma voz ecoa dentro da minha cabeça:

Is there anybody out there?

Is there anybody out there?


Is there anybody out there?



(Pink Floyd, The Wall)

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Em Movimento

Dia de Almeida Garrett

Não é demais recordar o dia 12 de Fevereiro deste ano lectivo, em que a nossa escola mais uma vez comemorou o Dia de Almeida Garrett. Se este dia já é, normalmente, um dia festivo, desta vez podemos afirmar que a festa começou no ginásio de cima, desceu ao ginásio grande, transportando consigo uma enorme alegria e entusiasmo. É que lá dentro, mais parecia tratar-se de uma “fábrica do movimento”, tal foi a adesão e a participação dos alunos nas actividades propostas pelo Departamento de Educação Física e, particularmente, pelo seu núcleo de estágio.
Metade do espaço do ginásio de baixo, foi destinado a actividades de Fitness, orientadas por três professores convidados e que fizeram as delícias de quem gosta de rítmo, música e movimento, tendo participado ao longo de toda a manhã, cerca de 200 alunos. Na outra metade praticou-se Remo pela primeira vez na escola, com a colaboração da APELGA e do Sport Club do Porto. Ao longo de todo o dia, era uma azáfama a sair e a entrar no ginásio para, em fila de espera, aguardar a vez de cada praticante poder experimentar tão cobiçado desporto. A adesão dos alunos (cerca de 120) a esta modalidade desportiva, excedeu todas as expectativas.
No mesmo dia e paralelamente a estas actividades, o Departamento de E. F., colaborou com a Equipa de Educação para a Saúde, na realização de um Peddypaper. Destinava-se a alunos do ensino básico e do décimo ano do ensino secundário tendo participado 198 alunos, organizados em equipas de 6 elementos cada. Passo a passo, de estação em estação, era preciso realizar determinadas tarefas que constituíam um desafio para alcançar um lugar no pódio. Era a agitação de pontuar nas provas físicas, onde era posta à prova a destreza e a habilidade motora dos concorrentes, era a descoberta da chave para as palavras cruzadas, era a sopa de letras… Enfim, problemas cujas soluções dependiam do bom desempenho do grupo, que em espírito de equipa e colaboração, tentava lutar contra o relógio. A nível do dos sétimos e oitavos anos, os vencedores foram OS “ALL STAR” do 8º D, ficando em segundo e terceiro lugares, respectivamente, os “DREAM TEAM” do 8º B e os SEM NOME do 7º B. A nível dos nonos e décimos anos, conquistaram o terceiro lugar “OS GATOS” do 10º G, em segundo lugar os “ MISTER FARUKY” do 10º A e o primeiro lugar foi para os “JALLES TEAM” DO 9º ano, turma E.
O Departamento de Educação Física, não pode deixar de sublinhar a grande importância que actividades desta natureza têm, a nível do desenvolvimento pessoal e social de todos os intervenientes.
Em todas as actividades decorridas ao longo do dia, os alunos tiveram um comportamento exemplar, tendo sido cumpridos os objectivos previstos, contribuindo assim para a concretização do Projecto Educativo de Escola e do Plano Anual de Actividades, através do envolvimento da comunidade educativa em projectos pluridisciplinares visando a sociabilização, a cooperação e a promoção de um estilo de vida saudável.

Maria José Eufrázio

Ao amor não somos estranhos

Tê-la visto
Tê-la visto aproximar-se
Com tanta beleza é
Alegria para sempre no meu coração.
Nem o tempo eterno pode retirar-me
Aquilo que ela me trouxe.

Egipto (1567-1085 a.C.)

terça-feira, 6 de maio de 2008

Aos dezassete anos não somos atinados




Roman

I.
On n'est pas sérieux, quand on a dix-sept ans.
- Un beau soir, foin des bocks et de la limonade,
Des cafés tapageurs aux lustres éclatants !
- On va sous les tilleuls verts de la promenade.

Les tilleuls sentent bon dans les bons soirs de juin !
L'air est parfois si doux, qu'on ferme la paupière ;
Le vent chargé de bruits - la ville n'est pas loin
A des parfums de vigne et des parfums de bière...

II.
-Voilà qu'on aperçoit un tout petit chiffon
D'azur sombre, encadré d'une petite branche,
Piqué d'une mauvaise étoile, qui se fond
Avec de doux frissons, petite et toute blanche...

Nuit de juin ! Dix-sept ans ! - On se laisse griser.
La sève est du champagne et vous monte à la tête ...
On divague ; on se sent aux lèvres un baiser
Qui palpite là, comme une petite bête ...

III.
Le coeur fou Robinsonne à travers les romans,
Lorsque, dans la clarté d'un pâle réverbère,
Passe une demoiselle aux petits airs charmants,
Sous l'ombre du faux col effrayant de son père ...

Et, comme elle vous trouve immensément naïf,
Tout en faisant trotter ses petites bottines,
Elle se tourne, alerte et d'un mouvement vif ...
- Sur vos lèvres alors meurent les cavatines ...

IV.
Vous êtes amoureux. Loué jusqu'au mois d'août.
Vous êtes amoureux. - Vos sonnets La font rire.
Tous vos amis s'en vont, vous êtes mauvais goût.
- Puis l'adorée, un soir, a daigné vous écrire !...

- Ce soir-là,... - vous rentrez aux cafés éclatants,
Vous demandez des bocks ou de la limonade...
- On n'est pas sérieux, quand on a dix-sept ans
Et qu'on a des tilleuls verts sur la promenade.


Jean-Arthur Rimbaud
Poésies. 29 sept[embre 18]70

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Pós-moderno?



Jean-Auguste-Dominique Ingres

Condesa Louise-Albertine d'Haussonville, 1845

Óleo sobre tela, 132X92 cm

Col. Frick, N.I.


Vemos o que sabemos!
A ilusória exactidão deste retrato desvanece-se quando, lentamente, nos apercebemos das distorções do espaço pictórico e da figura nele contido.
Um olhar analítico revela-nos, entre outras coisas, que o braço direito parece não ter ossos. Escapa, assim, às leis da anatomia, submetendo-se às leis da composição.
Neste tempo (pós)moderno, verdade e realidade nem sempre são a mesma coisa. O virtual tornou-se real. Deste ponto de vista Ingres, na forma como processa a imagem, é absolutamente contemporâneo.
Uma cultura visual implica uma crítica reflexiva ao mundo de imagens em que vivemos.

A. F. Silva