segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Intertextualidades

A Arte Barroca e a Santa Inquisição

O termo “Barroco” foi inicialmente usado com sentido pejorativo, como sinónimo de grosseiro e de gosto antiquado. Advém da palavra portuguesa homónima que significa “pérola imperfeita”.
O Barroco foi um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental que durou cerca de 150 anos (1600-1750). Foi inspirado no fervor religioso e na passionalidade da Contra-Reforma. Foi uma grande explosão libertadora que, por um lado, representou a desagregação das formas legadas pela Renascença, e, por outro lado, foi também a arte do ornamento, do movimento, a arte do poder e da riqueza.
“O Barroco é a profusão, virtuosidade, grandeza e frequentemente grandiloquência. Opõe-se totalmente ao classicismo, no sentido em que as linhas direitas tornam-se curvas, a serenidade dá lugar à intensidade, a moderação transforma-se em transbordamento.”
Dicionário Oxford de Música
Em suma, o Barroco representa o oposto do que o procedeu. O Barroco improvisa, cria formas inesperadas e afirma a preeminência do impulso humano sobre a regra abstracta que subjuga à obra.
Este foi um período de intensa agitação social, com esforços permanentes em busca do restabelecimento da vida económica, política e cultural: as reformas religiosas, as descobertas da ciência e da filosofia, as grandes explorações, um estilo novo de vida. A Europa progrediu mais no decurso destes 150 anos do que ao longos dos mil e quinhentos anos precedentes. O ser humano, depois do Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem valor - com exemplos em estudos de anatomia e avanços científicos, o ser humano deixa de colocar tudo nas mãos de Deus.
Exemplos deste movimento artístico em Portugal, em particular no Porto, são a Igreja de Santa Clara, os azulejos azuis e brancos da estação de comboios de S. Bento, a Igreja de S. Francisco, a Torre dos Clérigos, entre outros.
Com o objectivo de melhor percebermos este movimento cultural e estilístico efectuámos uma Visita de Estudo na tentativa de melhor estabelecer uma relação entre a Arte Barroca e a Literatura do mesmo período.
Na Igreja de Santa Clara, por exemplo, pudemos constatar que a Arte Barroca procura comover o espectador. Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cénico, num “teatro sacrum” onde são encenados os dramas. No Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de forma dramática e intensa. A Arte Barroca é uma arte de formas opulentas e rebuscadas, que encontrou na Igreja Católica um espaço importante de manifestação, numa época em que esta se via ameaçada pelas Igrejas Protestantes.

A Literatura Barroca é marcada pela presença constante da dualidade: Antropocentrismo/teocentrismo; céu/inferno; religião/ciência… Iniciou-se em 1580, com a unificação da Península Ibérica. As suas principais características são o culto exagerado da forma, o que implica o uso de figuras de estilo (principalmente metáfora, antítese e hipérbole). O Movimento Barroco deu-se em meio a diversos acontecimentos históricos importantes tais como: achamento das terras americanas, mudança do comércio mundial, solidificação da Inquisição e do poder do Clero e do Absolutismo Político. Um dos principais escritores deste Período é Padre António Vieira.
Padre António Vieira, da sua personalidade de religioso, de político e de missionário, viveu no Brasil, e defendeu de forma determinada os direitos humanos. Nesse sentido, como discordava totalmente com a Inquisição, protegeu e defendeu os povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização.
Uma das suas obras mais notáveis é o “Sermão de Santo António aos Peixes”. Escreveu-o na sequência de uma disputa entre os colonos portugueses no Brasil. Neste Sermão, Padre António Vieira pretende louvar algumas virtudes humanas pela alegoria dos ‘peixes’ e, principalmente, censurar com severidade os vícios dos colonos. Toma vários peixes como símbolos dos vícios dos homens do Maranhão (os roncadores, os pegadores, os voadores e o polvo) mas, por outro lado, toma também outros peixes aos quais atribui também louvores (o peixe Tobias, a Rémora, o Torpedo e o Quatro-olhos).
No exórdio, o orador realça o papel do pregador e apresenta o exemplo de Santo António que, quando, em Arimino, se viu hostilizado pelos homens, decidiu pregar aos peixes. É aqui que o Padre António Vieira apresenta a grande ironia que está por detrás de todo o Sermão: o pregador finge falar aos peixes, quando, na verdade, se dirige aos ouvintes humanos.

Filipa Brandão, nº11, 11ºD

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Convite à leitura da obra “Crepúsculo”

Quando me ofereceram este livro, o título chamou-me logo atenção, pela sua fama no mundo da literatura, o que fez com que ficasse mais ansiosa por o ler.
Crepúsculo é um livro da escritora americana Stephanie Meyer e foi eleito Melhor Livro do Ano, pela Publishers Weekly. Após a sua publicação, os livreiros elegeram-na entre os mais promissores novos autores de 2005. Em razão de todo o sucesso, a escritora já é comparada com J.R.Holling, autora de Harry Potter.
Este livro foi o primeiro romance da autora, a que se seguem Lua Nova, Elipse e Amanhecer.
Em Crepúsculo, conta-se a história de Isabella Swan (Bella) – uma rapariga de 17 anos que nunca tentou ser como os outros adolescentes da sua idade.
Sendo uma jovem extremamente responsável, tímida e fechada dentro de si mesma, ela muda-se da grande e quente cidade de Phoenix para Forks, uma chuvosa e nublada vila do interior, tão pequena que quase todos os habitantes se conhecem, tendo a chegada de Bella despertado imensa curiosidade nos colegas. E é para esta cidade que Bella irá viver com seu pai, o chefe da polícia local, e é na sua nova escola que ela conhece os Cullen, um grupo de cinco jovens com uma beleza sobrenatural.
É neste mistério que caracteriza a família que Bella se vê envolvida com Edward Cullen, jovem pálido e de cabelos cor de bronze, que mostrará um mundo novo a Bella, transformando completamente a sua vida, e deixando-a bem mais emocionante. O que Bella não sabe é que quanto mais se aproxima de Edward, mais perigo cria tanto para si como para as pessoas que ela própria ama.
A história pode ser comparada à de Romeu e Julieta, entre outras, pois, tal como nas mais famosas estórias de amor, os protagonistas Edward e Bella mal se conheceram ficaram perdidamente apaixonados. O que a torna tão diferente das outras é o conflito que se gera ao longo do livro, um conflito entre a segurança de não se aproximar e o desejo de o fazer, não importando os riscos. Assim, ela tem de aprender a controlar o seu corpo quando ele lhe toca, e ele a controlar o seu desejo pelo sangue e corpo de Bella.
É uma história de amor natural, em que o ilógico se dilui, tomando a estória contornos que lhe conferem verosimilhança, pois a escritora desenvolve este tema (vampiros) de uma maneira tão suave e sentimental que facilmente gera uma enorme cumplicidade no leitor, a ponto de este desejar viver um amor assim – no sentido de tudo fazermos para ficarmos com alguém que realmente nos é importante. Em Crepúsculo, Stephanie Meyer valoriza aquilo que nos toca, sentimentalmente, faz com que o que se vive por entre as páginas se deseje viver. Também dá muita importância à Amizade e à responsabilidade.
Um dos aspectos fascinantes neste livro é a mentalidade e o carácter que a escritora conseguiu desenvolver na personagem Edward. O facto de o leitor conseguir, com as indicações da autora, visualizar perfeitamente o momento actual, faz querer acompanhar até ao fim este amor secreto e perigoso, que se vai tornando numa constante luta pela sobrevivência.

Liliana Vieira 12ºB nº14

Comentário à entrevista de Joan Margarit

A professora de Português propôs aos alunos uma pesquisa acerca da entrevista a Joan Margarit, um conceituado poeta espanhol, realizada no programa Bairro Alto, na Rtp2.
Tomei conhecimento, então, de que Joan Margarit nasceu em 1938, em plena Guerra Civil Espanhola. Foi professor catedrático durante alguns anos, mas também esteve ligado à poesia desde tenra idade. Em 2008 foi-lhe conferido o Prémio Nacional de Poesia em Espanha, entre muitos outros.
Margarit é uma das grandes figuras da poesia catalã contemporânea. Nos seus poemas podemos encontrar várias alusões autobiográficas. A sua mais recente publicação foi a obra Casa da Misericórdia, que foi premiada em Portugal. Esta obra é um exemplo marcante, com as suas referências às crianças órfãs, acolhidas pela instituição de que o livro toma o nome, aos abrigos, as fugas. Morte, separação, velhice, solidão, são temas inelutáveis a que a sua poesia não se furta.
Para lá das letras, Margarit trabalhou grande parte da sua vida como arquitecto, disciplina em que se formou.
Nesta entrevista, Joan Margarit fala um pouco de tudo, desde a poesia à música, religião, democracia, enfim, falou-nos de si e sobre o que faz.
Começa por opinar que tanto a poesia, como a música, a religião, no seu sentido meditativo, e até a filosofia são alguns dos refúgios mais válidos que o ser humano deve procurar quando necessita. Contudo, afirma que “ A única arte que se manteve à margem do entretenimento é a poesia “, sendo um poema algo que, se não servir de consolação, então não serve para nada.
Durante a sua infância, tal como já foi dito no princípio, Margarit viveu um período de consequências pós-guerra, o que marcou os seus traços da personalidade e, consequentemente, a sua poesia, para além de até aos nove anos ter vivido em diversos sítios, como Barcelona, Rubi, Girona. Foram estes motivos que fizeram dele uma criança solitária, pois naquela etapa aprendeu a estar sozinho e desde aí tem sido quase um vício na sua vida.

“ Toda a minha vida escrevi poemas, e sempre organizei os meus dias em função disso. “
Um dos principais temas de conversa foi sobre o seu conceito de poesia. Na sua opinião, “Um poeta nasce poeta” isto é, só é poeta aquele que já tiver o dom e o ser; “Poeta não é uma profissão”, pelo contrário, e este necessita de uma vida, se não a tivermos de que falamos nos nossos poemas. Porque a poesia procura a verdade e, deste modo, transmiti-la ao leitor. Entretanto, o poeta dá o exemplo de Fernando Pessoa como sendo um “poeta mais da literatura” isto porque, segundo ele, a literatura não procura a verdade, pode tentar, mas usualmente não o faz.
Mais à frente, refere que o seu estudo de cálculo condicionou positivamente um pouco mais a escrita da sua poesia, visto que a matemática, a mais exacta de todas as ciências, permite o contacto com o senso comum. Por este e outros motivos, Margarit aproveita tudo ao máximo para a sua escrita afirmando que “ A minha poesia é maximalista”.
Tal como foi referido, o seu último livro a ser lançado foi Casa da Misericórdia. Este título veicula um sítio que durante a guerra e pós-guerra socorria crianças desprotegidas, sem pais ou com pais sem recursos e essencialmente é sobre isto que os poemas falam. Para complementar as suas considerações o poeta leu em português, o poema:

CASA DA MISERICÓRDIA
O pai fuzilado.
Ou, como diz o juiz, executado.
A mãe, a miséria e a fome,
a instância que alguém lhe escreve à máquina:
Saludo al vencedor, Segundo Año Triunfal,
Solicito a Vuecencia deixar os filhos
nesta Casa da Misericórdia.
O frio do seu amanhã está numa instância.
Os orfanatos e hospícios eram duros,
mas ainda mais dura era a intempérie.
A verdadeira caridade dá medo.
É como a poesia: um bom poema,
por mais belo que seja, tem de ser cruel.
Não há mais nada. A poesia é agora
a última casa da misericórdia.

Assim termina o poema, com a frase “ A poesia é agora a última casa da misericórdia”: Margarit diz que é a última “porque é a verdadeira casa da misericórdia” e “ a verdadeira é sempre a última”.
Para terminar a entrevista, Margarit fala de como a perda das suas duas filhas, e principalmente Joana por ter sido mais recente, afectou a escrita da sua poesia e em sua honra em 2002 publicou um livro intitulado Joana. O poeta diz que este livro deve ser interpretado como um livro de poesia e não como uma terapia, ou algo pessoal, apesar de ter feito poesia de uma maneira que nem todos nós consideramos ser correcta, já que não se deve escrever poemas sobre algo que está a acontecer sentimentalmente. Mas o que pensou foi: se a poesia não servisse naquele momento, então para que serviria? E assim, com a sua escrita, conseguiu “ ordem onde estava a desordem”. Na verdade, todo o poeta necessita de uma vida para que possa falar dela nos seus poemas, pois a poesia procura a verdade e, para isso, “ Todo o poeta tem de se envolver para escrever um bom poema”.
Ao longo da entrevista, lê em catalão alguns dos seus poemas - “Empilhando Lenha” e “Estação de França” - e faz referência a alguns nomes conceituados, como o bispo, orador, teólogo e escritor francês Jacques-Bénigne Bossuet e o poeta e escritor português Fernando Pessoa.

Bibliografia
Entrevista: http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=24878&e_id=&c_id=1&dif=tv
Dicionário Online: www.infopedia.com

Actividade realizada por Liliana Vieira, 12ºB nº14
2º Período data: 15 de Janeiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Receita para ser sempre jovem - 3

É necessário ter brilho no olhar,
Muito amor à vida,
E vontade de se aventurar!
Mistura-se a coragem
Com o bonito verbo sonhar.
Vai-se mexendo tudo (e com força!),
É preciso agitar!
Ouvir sempre música, alto e bom som,
Não se pára de dançar
Ao ritmo de cada refrão.
Será obrigatório aceitar
As diferenças na sociedade.
E ansiar por ajudar
A combater toda a maldade.
O Mundo sonhar conquistar
Nas asas da Liberdade.
Querer para sempre acreditar
Que todos têm sinceridade.
Neste mundo dominado pelo caos,
Encontrar algures a verdade.
Querer fazer sempre mais e melhor,
E só assim alcançar a desejada felicidade!

Tomás, 10ºI

Receita para ser sempre jovem - 2

Embora muitos não concordem, é bem mais fácil do que parece.
Começa-se por separar a beleza interior da exterior, dando o devido valor a cada uma. Depois, devemos eliminar toda a maldade, egoísmo e/ou mentira que possa haver dentro de nós e impedir que ela alguma vez volte. Após estes procedimentos, já nos sentiremos bem mais leves. O próximo passo é esquecer a verdadeira idade como as pessoas em geral a vêem, ou seja, como algo negativo e transformar a idade em “tempo de vida”, em experiência, algo definitivamente bom. A seguir, pensar no que mais nos faz felizes e, (in)dependentemente da interpretação de cada um, arranjar uma forma de tornar esse pensamento uma realidade. Por esta altura, já não devemos ver a vida como o princípio de tudo e muito menos como o fim de nada; devemos encará-la como uma passagem, como algo que é tudo menos mau e nunca arranjar desculpas ou falsas justificações para a transformar numa experiência negativa. Para concluir, mistura-se uma gargalhada sonora e a consciência de que a idade é algo admirável, algo muito mais valioso de se ter do que a juventude.
São estes os procedimentos necessários à execução desta receita e devo avisar desde já que, sem profunda dedicação e entrega total, ela não surte qualquer efeito.


Inês Novais, nº16, 10ºI

Receita para ser sempre jovem

Tome-se um homem
De qualquer idade.
Faça tudo o que quiser
Mas nunca pare.

Junte adrenalina
E vontade de vencer.
Não comece com ‘lamechas’
De que está a envelhecer.

Pense na sua vida
E não na dos outros.
Lembre-se sempre,
Todos os cuidados são poucos.

Junte ambição,
Acrescente objectivos,
Lute por aquilo que quer,
Faça uso dos incentivos.

Seja calmo e impaciente,
Viva a vida sempre a sorrir.
Não fique com medo,
Os sonhos não vão fugir.

Banhe o talento para a arte
Juntamente com a humildade.
Feche a porta à modéstia,
Seja bem-vinda a Felicidade!


Pedro Patrocínio, 10ºI