domingo, 8 de junho de 2008

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Para a Marta Figueiredo & amigos [que se perderam na tradução!]
Também podem ouvir este poema cantado por Léo Ferré.

Romance

I.
Aos dezassete anos não somos atinados.
- Certa noite, ala! cervejas e limonada,
Cafés barulhentos, lustres alumiados!
- E vai-se até às tílias verdes da esplanada.

Nas noites de Junho as tílias cheiram tão bem!
Quando o ar é mais doce, a vista pestaneja;
Nos sons que o vento traz, - a cidade é além -,
Há perfumes de vinho, aromas de cerveja...


II.
- Eis senão quando vê-se um pequeno trapinho
De azul carregado, que um raminho emoldura,
Mordido por estrela má, que de mansinho
Se funde e tremula, pequena e toda alvura...

Junho! Dezassete anos! - A noite embriaga.
A seiva é champanhe que nos sobe à cabeça...
Sente-se nos lábios, enquanto se divaga,
Um beijo a palpitar, um bicho que se apressa...


III.
Doideja o coração, Robinson fabuloso,
- Quando no pálido clarão de um candeeiro,
Passa uma menina de modo primoroso,
À sombra de um pai engomado e altaneiro...

E como ela nos acha um poço de candura,
Sem abrandar porém o trote das botinas,
Volta-se, muito atenta e com desenvoltura...
- Morrem-nos então nos lábios as cavatinas...


IV.
Está-se apaixonado. Preso até Agosto.
Apaixonado. - De versos não quer saber.
Foram-se os amigos todos, temos mau gosto.
- E a adorada, uma noite, dignou-se escrever!...

-Nessa noite... - volta-se aos cafés animados,
Pedem-se umas cervejas, uma limonada...
- Aos dezassete anos não somos atinados,
Quando afinal há tílias verdes na esplanada.

29 Set[embro 18]70

2 comentários:

j. disse...

obrigado, o meu francês também ainda não chega para tanto! felizmente, sou optimista e penso que um dia vai chegar...

Anónimo disse...

Finalmente percebi bem...


Gostei mesmo muito !!
Muito bom

( vou copia-lo para o meu hi5)