segunda-feira, 8 de junho de 2009

Visita ao Museu Romântico

Talvez por ser passado, talvez por ser ‘Romântico’ ou talvez por alguma coisa que não sei explicar, a visita ao Museu Romântico fez-me sonhar!
Durante o passeio até ao Museu, confesso que não senti nada mais do que…um passeio, provavelmente por me serem locais já familiares. No Museu, porém, a emoção foi diferente. Era algo desconhecido que me suscitava um interesse enorme por cada pormenor da casa. O silêncio durou toda a visita, ouvindo-se apenas a voz da guia. Esperava uma casa rica, luxuosa, com peças únicas e valiosas como a de todos os reis, mas a verdade foi bem diferente e não fez com que me decepcionasse. Pelo contrário! Era uma casa tão simples e tão acolhedora que me fez sentir numa máquina do tempo que me levasse até 1849, deixando-me descobrir cada vivência e cada história que ali tivessem acontecido. O quarto do Rei Carlos Alberto, por exemplo, transmitia melancolia e era como se o estivesse a ver, naquele momento, deitado na cama sem se conseguir levantar.
À vinda, fiz o mesmo percurso que tinha feito para o Museu e a sensação foi completamente diferente! Estar em locais que sabemos terem mais de cem ou duzentos anos, que, se pudessem falar, tinham tantas histórias para nos contar, fez-me pensar de outro modo. Apesar de me serem familiares, têm tanta coisa que eu não conheço! Foi, sem dúvida, um agradável passeio pelo Porto de oitocentos e aconselho a visitar o Museu Romântico a todos aqueles que gostam de sonhar!



Carolina Coimbra, 11ºD

quinta-feira, 4 de junho de 2009

"O 'Amor' "

De entre ilusões e emoções, frígidos olhos que me miram e me aquecem. Essa és tu. Essa é quem fez a magnólia fechar de novo, tudo por teus olhos.

Cabelos escuros embutidos de estrelas desenham o teu contorno na parede rugosa, embelezando-a com a tua sombra clara. Clara, a tua sombra ecoa nos meus ouvidos como o cântico puro de um pássaro que levanta o Sol todos os dias. Gostava eu de ser esse pássaro e nunca deixar o dia morrer pois se isso acontecesse aprisionaria o teu ser na minha mente e deixaria de ser livre. Nos rochedos da praia eu vejo-te flutuando com o teu vestido ondulante de água azul; como uma sereia, a água dominas e controlas.

Intemporal sejas, ‘Amor’!


Gabriel António, nº9, 10ºE

quarta-feira, 3 de junho de 2009

‘’O Café’’ de Fassbinder

‘’O capitalismo aqui instaurado não serve para criar uma «sociedade feliz», uma sociedade em que se evolui para um bem-estar comum ou para o bem-estar de quem quer que seja. Apenas produz sobreviventes.’’

Nuno M.Cardoso


O capitalismo é, nesta peça, a substância unificadora da sociedade retratada. É conjuntamente matéria-prima e produto desta sociedade desinteressada, ou por outras palavras, interessada no desinteressante.
Diz o encenador que ‘’o capitalismo aqui instaurado não serve para criar uma «sociedade feliz», uma sociedade em que se evolui para um bem-estar comum ou para o bem-estar de quem quer que seja. Apenas produz sobreviventes.’’ É que esta massa unificadora tem também um alto poder revelador. Revela a natureza de quem nela se embrenha. Revela a sede por aquilo que falsamente enaltece o Homem. Revela a podridão da natureza humana. Revela a loucura e os vícios de quem, por tanto querer viver, acaba sobrevivendo, ou, se quisermos, subvivendo. Isto é, vivendo ao sabor das paradisíacas mas esbatidas promessas do dinheiro. E quando essas promessas ficam por cumprir aparecem os vícios, que para além de prometerem colorir a realidade trazida pelo dinheiro (ou falta dele), ainda prometem mais e melhor, levando as pessoas a viverem uma vida sem conteúdo, numa finíssima felicidade aparente.
O capitalismo é, então, o fio condutor deste Café; forçando as pessoas a seguir um caminho com auge na felicidade, caminho esse que se estreita infinitamente, não chegando a lado algum. Imaginemos agora a imensidade de pessoas que seguem estes caminhos todos paralelos, e veremos que a felicidade, esta nebulosa felicidade, é não conjunta, não partilhada, e, por isso, ainda mais esbatida.
Podemos dizer que o capitalismo de que esta sociedade se alimenta baseia-se na ilusão longínqua de que algo substancialmente bom se alcançará. Não se nota é que as pessoas já estão perdidas antes mesmo de começarem essa busca.

Inês Gonçalves, 11º E