segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Porto… barrocamente falando

6 de Novembro de 2008…

Uns tímidos chuviscos decidiram acompanhar-nos numa viagem no tempo. Tínhamos já encontro marcado com o Porto Barroco e não podíamos faltar. O plano para aquela manhã sonolenta estava delineado: visitaríamos primeiramente a Igreja de Santa Clara e posteriormente a de São Francisco. Embalados pelo Metro lá fomos nós, seguindo e repetindo ordeiramente os passos da professora. Uma breve introdução deixava adivinhar uma veia de guia turística na professora, ou seria apenas uma paixão latente por aquele período da História? Diante de nós, imponente e autoritária, uma porta barroca fazia finca-pé à entrada do convento que nos recebia. Estava bem acompanhada esta Sra. Porta, duas colunas salomónicas também não arredavam pé como que em jeito de recepção ao Convento de Santa Clara, siamês da igreja homónima. Transpusemos a porta e as nossas pupilas dilataram-se subitamente. A escuridão assente não apagava nem um pouquinho o esplendor da mina de ouro que acabáramos de descobrir. Demos entrada num espaço cénico onde, em tempos, foram encenados grandes dramas e despertadas as mais fortes emoções. Era diferente de tudo o que jamais tínhamos visto. Uma conjugação perfeita de todos os elementos e o perfeccionismo no mais ínfimo detalhe dos retábulos em talha de ouro. Ao fundo, no altar-mor, o painel de Joaquim Rafael onde Santa Clara erguia a custódia, convidava a uma aproximação e o nosso espanto crescia à medida que a distância entre nós e as paredes da Igreja
Por entre conversas e desconversas lá descemos a Rua das Flores passando por antigas ourivesarias e não mais novos aposentos de abastadas famílias portuenses. Em frente ao Palácio da Bolsa cumprimentámos o calado Infante D. Henrique que se cobria de bronze como protecção contra o frio.
A Igreja de São Francisco esperava-nos, estendendo a sua escadaria até ao rio e nós entrámos obedientes, seguindo a guia que agora se nos juntava. Tínhamos agora à nossa frente uma Igreja maior, com três naves onde se notava uma sincronização perfeita entre as diferentes fases do Barroco, o português, o joanino e o manuelino, ali presentes. Atentámos na história da Árvore de Jessé enquanto um cântico gregoriano criava ambiente como um vapor que empestava o salão. O deslumbramento aumentava à medida que ouvíamos mais sobre cada pormenor da Igreja. E pensar que já serviu de estábulo!
Seguidamente visitámos as catacumbas onde, curiosos, procurámos por algum defunto que desse pelo mesmo nome que nós. Ainda tivemos oportunidade de admirar o espólio mais valioso da Igreja e levar na memória e nas câmaras fotográficas o retrato de uma manhã bem passada.
Restou a promessa de uma posterior visita e assim voltávamos a 2008, ainda deslumbrados com a explosão de talha dourada e pela grandiosidade e imponência dos locais religiosos que tão bem nos receberam.

Inês Correia Gonçalves nº 12 11ºE

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