segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A minha primeira vez - de metro

Havia anos que queria experimentar andar de metro, mas não podia. Os meus pais trabalhavam numa fábrica, para a qual se deslocavam sempre de carro. De facto, não havia tempo para a satisfação do meu capricho. Não era um sonho, mas uma tremenda vontade de conhecimento que acalentava desde criança por este transporte público.
Certo dia, os meus pais saíram mais cedo do emprego. Eu, que chegava da escola com a minha avó todos os dias por volta das cinco da tarde, acabara de lanchar. Assim que ouvi o barulho da porta a ser aberta, corri numa grande ansiedade para ver quem era.
- Temos uma surpresa para ti! - disseram-me.
Percebi logo o que íamos fazer e rapidamente peguei no casaco e saí porta fora.
Quando chegámos à estação subterrânea do metro, pulei de alegria. Os dois minutos que faltavam para chegar demoravam eternidades.
Entrei, finalmente, no metro. Parei, pensei e disse:
- Não estão contentes?
Fiquei bastante espantado. As pessoas, as suas expressões e atitudes de desprezo e desinteresse estragaram a minha viagem. Numa palavra, caracterizei-a como desilusão. Timidamente, pedi aos meus pais:
- Podemos ir embora?
No fim, percebi que a viagem com que tanto sonhava apenas serviu para perceber a frieza e desintegração com que vivemos em sociedade. E, por mais estranho que pareça, hoje faço o mesmo que aquelas pessoas.

Tomás, 10º I

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