segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Comentário à entrevista de Joan Margarit

A professora de Português propôs aos alunos uma pesquisa acerca da entrevista a Joan Margarit, um conceituado poeta espanhol, realizada no programa Bairro Alto, na Rtp2.
Tomei conhecimento, então, de que Joan Margarit nasceu em 1938, em plena Guerra Civil Espanhola. Foi professor catedrático durante alguns anos, mas também esteve ligado à poesia desde tenra idade. Em 2008 foi-lhe conferido o Prémio Nacional de Poesia em Espanha, entre muitos outros.
Margarit é uma das grandes figuras da poesia catalã contemporânea. Nos seus poemas podemos encontrar várias alusões autobiográficas. A sua mais recente publicação foi a obra Casa da Misericórdia, que foi premiada em Portugal. Esta obra é um exemplo marcante, com as suas referências às crianças órfãs, acolhidas pela instituição de que o livro toma o nome, aos abrigos, as fugas. Morte, separação, velhice, solidão, são temas inelutáveis a que a sua poesia não se furta.
Para lá das letras, Margarit trabalhou grande parte da sua vida como arquitecto, disciplina em que se formou.
Nesta entrevista, Joan Margarit fala um pouco de tudo, desde a poesia à música, religião, democracia, enfim, falou-nos de si e sobre o que faz.
Começa por opinar que tanto a poesia, como a música, a religião, no seu sentido meditativo, e até a filosofia são alguns dos refúgios mais válidos que o ser humano deve procurar quando necessita. Contudo, afirma que “ A única arte que se manteve à margem do entretenimento é a poesia “, sendo um poema algo que, se não servir de consolação, então não serve para nada.
Durante a sua infância, tal como já foi dito no princípio, Margarit viveu um período de consequências pós-guerra, o que marcou os seus traços da personalidade e, consequentemente, a sua poesia, para além de até aos nove anos ter vivido em diversos sítios, como Barcelona, Rubi, Girona. Foram estes motivos que fizeram dele uma criança solitária, pois naquela etapa aprendeu a estar sozinho e desde aí tem sido quase um vício na sua vida.

“ Toda a minha vida escrevi poemas, e sempre organizei os meus dias em função disso. “
Um dos principais temas de conversa foi sobre o seu conceito de poesia. Na sua opinião, “Um poeta nasce poeta” isto é, só é poeta aquele que já tiver o dom e o ser; “Poeta não é uma profissão”, pelo contrário, e este necessita de uma vida, se não a tivermos de que falamos nos nossos poemas. Porque a poesia procura a verdade e, deste modo, transmiti-la ao leitor. Entretanto, o poeta dá o exemplo de Fernando Pessoa como sendo um “poeta mais da literatura” isto porque, segundo ele, a literatura não procura a verdade, pode tentar, mas usualmente não o faz.
Mais à frente, refere que o seu estudo de cálculo condicionou positivamente um pouco mais a escrita da sua poesia, visto que a matemática, a mais exacta de todas as ciências, permite o contacto com o senso comum. Por este e outros motivos, Margarit aproveita tudo ao máximo para a sua escrita afirmando que “ A minha poesia é maximalista”.
Tal como foi referido, o seu último livro a ser lançado foi Casa da Misericórdia. Este título veicula um sítio que durante a guerra e pós-guerra socorria crianças desprotegidas, sem pais ou com pais sem recursos e essencialmente é sobre isto que os poemas falam. Para complementar as suas considerações o poeta leu em português, o poema:

CASA DA MISERICÓRDIA
O pai fuzilado.
Ou, como diz o juiz, executado.
A mãe, a miséria e a fome,
a instância que alguém lhe escreve à máquina:
Saludo al vencedor, Segundo Año Triunfal,
Solicito a Vuecencia deixar os filhos
nesta Casa da Misericórdia.
O frio do seu amanhã está numa instância.
Os orfanatos e hospícios eram duros,
mas ainda mais dura era a intempérie.
A verdadeira caridade dá medo.
É como a poesia: um bom poema,
por mais belo que seja, tem de ser cruel.
Não há mais nada. A poesia é agora
a última casa da misericórdia.

Assim termina o poema, com a frase “ A poesia é agora a última casa da misericórdia”: Margarit diz que é a última “porque é a verdadeira casa da misericórdia” e “ a verdadeira é sempre a última”.
Para terminar a entrevista, Margarit fala de como a perda das suas duas filhas, e principalmente Joana por ter sido mais recente, afectou a escrita da sua poesia e em sua honra em 2002 publicou um livro intitulado Joana. O poeta diz que este livro deve ser interpretado como um livro de poesia e não como uma terapia, ou algo pessoal, apesar de ter feito poesia de uma maneira que nem todos nós consideramos ser correcta, já que não se deve escrever poemas sobre algo que está a acontecer sentimentalmente. Mas o que pensou foi: se a poesia não servisse naquele momento, então para que serviria? E assim, com a sua escrita, conseguiu “ ordem onde estava a desordem”. Na verdade, todo o poeta necessita de uma vida para que possa falar dela nos seus poemas, pois a poesia procura a verdade e, para isso, “ Todo o poeta tem de se envolver para escrever um bom poema”.
Ao longo da entrevista, lê em catalão alguns dos seus poemas - “Empilhando Lenha” e “Estação de França” - e faz referência a alguns nomes conceituados, como o bispo, orador, teólogo e escritor francês Jacques-Bénigne Bossuet e o poeta e escritor português Fernando Pessoa.

Bibliografia
Entrevista: http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=24878&e_id=&c_id=1&dif=tv
Dicionário Online: www.infopedia.com

Actividade realizada por Liliana Vieira, 12ºB nº14
2º Período data: 15 de Janeiro de 2010

1 comentário:

Rita Custódio disse...

Olá! Que boa ideia levar este autor e esta entrevista para a aula de português! Que este tipo de actividades continue!