sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sem Título

“E a noite lá fora, com os seus perfumes misturados, com os seus murmúrios e silêncios e as suas sombras e brilhos, parecia o rosto de uma promessa.”
in “Praia” de Sophia de Mello Breyner Andresen

Entreguei-me a todos os sentimentos que envolviam aquela noite e deixei-me levar pela brisa suave do mar. Na areia molhada ia caminhando e deixando o rasto de leves pegadas.
Parei e olhei para trás. Já só restavam algumas. Em pouco tempo eram levadas pelo mar e desapareciam gradualmente sem deixar uma única marca. As lágrimas escorreram-me pela face. Eu própria estava a desaparecer. Eu própria estava a tornar-me fraca de uma maneira ainda mais rápida do que cada pegada. E eu não percebia por que é que tudo tinha de ser assim.
Sentei-me na areia molhada e deixei que o mar me abraçasse. Inalei o perfume da brisa, e deixei que a música das ondas me envolvesse naquela noite.
A minha vida valia mais do que isso. Valia mais que todas as pegadas que tinha deixado ali. Valia muito mais que aquela noite. Fechei os olhos e deixei-me entrar na maresia envolvente, deixei-me entrar em cada perfume, em cada murmúrio, em cada silêncio, em cada sombra e em cada brilho. A promessa tinha de ser cumprida!

Carolina Coimbra
Nº21, 11ºD

3 comentários:

joana.s.osorio disse...

Sem dúvida que os textos de Sophia inspiram qual quer um :D não querendo com isto tirar, como é lógico, o mérito à carolina...

Parabéns pelo texto, está sem dúvida muito criativo e diria até mesmo, poético =).

Anónimo disse...

É de facto um texto com alguma força poética. Gostei muito das imagens por ele transmitidas. Parabéns.

Anónimo disse...

A sensibilidade que a Carolina revela nos textos que escreve deixa adivinhar o seu talento musical. As imagens e as sonoridades utilizadas merecem e exigem um título. Combinado?