segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Realização Humana

Anton Tchékhov escreveu uma comédia: “A Gaivota”. E nós, os Alunos, no passado dia 29 de Setembro, fomos assistir à representação da peça no Teatro Nacional de S. João. No meio de uma floresta de ulmeiros, os dez actores caminhavam e corriam chapinhando água colocada até aos seus tornozelos. O movimento inquieto, as luzes e as ondulações davam um brilho especial às personagens que encenavam “o vazio ideológico, o vazio amoroso, o vazio de vidas perdidas no seu próprio tédio”. Daí a comédia, “não pode haver nada mais aborrecido do que este amável aborrecimento do campo”, diz uma das actrizes, no segundo acto.
Tchékhov, pouco antes de morrer, queria brindar à vida com um copo de champanhe. Porque a vida é aquilo que a vida é. A vida é árvores, oxigénio, água, Natureza, filosofia, poesia, justiça, direitos. “A vida é como é (…)”.
Ainda não vivi o suficiente para saber qual a importância da vida, se é que existe um só argumento que responda à questão. Mas acredito que os poetas, os escritores, os artistas sabem bem o que é cumprir uma vida, porque tiveram a capacidade de criar, de realizar uma obra. No “Filme do Desassossego”, a que também assistimos no Teatro Nacial de S. João, Bernardo Soares diz no final do filme: “Deus sou eu!”, exactamente porque acabou de criar à semelhança do Criador.
“Ter uma boa ideia é suficiente para cumprir uma vida”, é uma posição mais modesta de abordar o assunto. Nem todas as pessoas são capazes de escrever um livro, mas todas deviam ambicionar ter ‘uma boa ideia’, apelar à sua criatividade para conseguir ‘criar’ algo novo. A história está cheia de exemplos como Fernando Pessoa, Amália Rodrigues, William Shakespeare e, como não podia deixar de referir, Almeida Garrett!
Posso então concluir que há que procurar e encontrar alguma forma de realização humana…
Não termino sem antes falar de amores, façanhas, sedução e fatalidades… Nascemos para amar. E como dizia João da Ega em “Os Maias”, “cada um tem ‘a sua mulher’, e necessariamente tem de a encontrar”. Há sempre alguém que nos põe tremer, que nos inspira até nos superarmos a nós mesmos, que nos ensina o que é o ‘desejo’. O tempo que passamos com o ‘nosso homem’ ou a ‘nossa mulher’ é um tempo perfeito, um tempo em que estamos a dar o nosso amor da melhor maneira que conseguimos, que estamos a dar o melhor de nós. O tempo em que o ‘nosso homem’ ou ‘mulher’ está ausente, é tempo que não é tempo, é tempo que apenas passa…
Aproveitem todos os amantes que estão juntos, sejam jovens, adultos ou idosos. Tristes aqueles que têm má sorte!
No coração está escrito o nome do nosso amado ou amada, a promessa ou o sonho de “… ser fiel, amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida”.
Liberdade ao amor, às palavras… “Somos o que fazemos” / ”É preciso fazer as coisas”. Então, façam!


Mafalda Amorim
12ºE

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