quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O meu lugar

Não tinha sítio para onde ir, por isso saí de casa à espera de chegar a algum lado. Os metros cheios de pessoas sufocavam-me, o mp3 berrava-me uma música inaudível. Perdida de tanto pensar, saí. Saí o mais rapidamente que pude. Pelo meu caminho encontrei o rio, fixei-o como se fosse a última vez que nos víamos e segui caminho.
Quando caminhava na rua apercebi-me que estava perdida, nada sabia. Sentei-me numa paragem de autocarros. Avalanches de pessoas apressadas ora chegavam ora iam, numa correria frenética, sem olhar à sua volta, julgando que tinham para onde ir. E estive assim, tempos infinitos, fixada nas caras dos que me rodeavam. Então, lá sentada fundi-me com a paragem e observei.
Pensei, sem querer pensar. E os pensamentos cruzavam-se a alta velocidade na minha cabeça. E foi como se o tempo parasse mas estivesse a voar ao mesmo tempo. E tudo fez sentido.
Nos olhos vagos dos que iam passando, percebi que eles é que estavam perdidos. Eu, ao contrário deles, cheguei ali espontaneamente, eu estava destinada a estar ali. Eu pertencia à paragem. Percebi que as minhas ânsias do dia-a-dia me faziam perder-me, tal como eles estavam perdidos. Eles caminhavam sôfregos do tempo, da alma, do caminho, do mundo… Sem no entanto se aperceberem de que o nosso caminho é mais do que chegar a casa ou a qualquer outro sítio. Todo aquele tempo pensei que estava perdida, mas não estava. E uma vez mais, o destino preveniu-se para mim. O autocarro que seguia para “sonhos” parou naquela paragem.
E porque o mais perdido é aquele que vive na ilusão de que tem um lugar para onde chegar; levantei-me, fundi-me na multidão dos que passavam, esperando não me voltar a perder.

Diana Amaral, 11ºB

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