domingo, 16 de novembro de 2008

Visita de estudo (“Porto Barroco”)

Igreja do Convento de Santa Clara


Igreja de S. Francisco – 5 de Novembro de 2008 – 11º D


Igreja de S. Francisco – 6 de Novembro de 2008 – 11º E

Em forma de diário

Gaia, 5 de Novembro de 2008 – Em marcha lenta e protegidos por um sol inesperado, deixámos a Escola Almeida Garrett e fomos apanhar o transporte que nos colocou perto de Santa Clara, o início do nosso percurso barroco.
Desembocámos a meio da Avenida D. Afonso Henriques. Baixámos os olhos para S. Bento, e prometemos ir observar, um dia qualquer, os painéis históricos do casamento de D. João I com Dona Filipa de Lencastre; levantámo-los, em seguida, mas a cortina da Sé Catedral obrigou-nos a reparar em Vímara Peres, “Conde de Portucale” (820-873), petrificado, imponente, como a prever: Aqui será abençoada a “Ínclita Geração”! Subimos uns metros, sem pressa, voltámos à esquerda e lá nos esperava, escondida pelo biombo do Aljube, a recatada Santa Clara.
No exterior, comparámos o portal barroco da portaria do convento com o renascentista da Igreja. Transpusemos este último e encontrámo-nos na sombria “igreja – salão” de modelo jesuíta. Santa Clara, no painel desmaiado de Joaquim Rafael, parecia convidar-nos à contemplação. Mas, um pouco perturbados pela escuridão, pelo silêncio, pela decoração, fomos desanuviando, graças (imaginem!) à envergonhada roda dos enjeitados, ainda preservada, a fazer-nos lembrar as novelas românticas de Camilo. Tudo o mais, mas o principal, eram retábulos em rica talha dourada, quer do primeiro barroco português, quer do barroco joanino: colunas salomónicas, anjos, sanefas, florões… E santa Clara (não a do painel, mas a da escultura) lá continuava, solitária, tristonha e intimidada, naquele riquíssimo cenário, que é a Capela-Mor.
A porta voltou a ranger à despedida, e retomámos o nosso itinerário, descendo a Rua das Flores: de um lado e de outro, alfarrabistas, ourives, restos de casas brasonadas; ao fundo, o Largo de S. Domingos; logo abaixo, a Bolsa exibindo a companhia do Infante D. Henrique; mais uns passos, e estávamos a subir o escadório de S. Francisco.
Eram onze horas e trinta. A pontualidade e a atitude foram ponto de honra dos alunos do 11º D, já resignados a abandonar a reconfortante visão do rio Douro, preguiçoso e ensolarado, para serem recebidos na menos sombria e mais arejada Igreja de S. Francisco da Ordem Terceira.

Porto, 6 de Novembro de 2008 – A chuva deixara de ameaçar-nos. Um sol fraco teimava em desfazer a densa neblina ainda a repousar sobre o Douro e o casario das suas margens. Entrámos com vontade no interior de S. Francisco.
Fisicamente mais aconchegados, repetimos, obedientes, os passos da guia, que nos mandou “tomar assento” a meio da nave central. Ao agradável impacto inicial do “contraste” com Santa Clara, seguiu-se a consciencialização das múltiplas sensações que nos envolviam de várias formas: o espaço, dividido por três naves assentes em colunas encimadas por arcos ogivais, permitia-nos respirar melhor; a luz que penetrava pelo vitral do transepto contribuía para o deslumbramento do olhar, realçando a variedade escultural e cromática da “Árvore de Jessé”, evidenciando a expressiva “Senhora da Soledade”, protegida pelo belíssimo portal “rocaille”, e revelando a de mais exuberante decoração barroca, ostentada no Altar-Mor e nas capelas de algumas famílias burguesas portuenses; a música de fundo gregoriana transportava-nos para tempos idos, assistindo a renhidas pregações trocadas entre os dois púlpitos que rematam a nave central. Com o mesmo interesse, observámos o que ainda resta do fresco mandado pintar por D. João I e ouvimos a lenda que em Miragaia baptizou de “alcoviteiro” o S. Francisco da escultura românica que dá as boas vindas a quem é recebido na nave lateral direita.
Terminámos com uma descida rápida ao cemitério catacúmbico e uma entrada na “Sala do Tesouro”. Aqui, pudemos admirar objectos de arte sacra, peças de porcelana, algumas esculturas e duas telas de Vieira Portuense.
Não quisemos regressar sem trazer a tiracolo uma lembrança dos alunos (11ºE) e professoras participantes. Por isso, fizemos “pose” diante da fachada principal.

Mauridina Figueiredo

Quem quer escrever a página seguinte? O convite está feito.

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