quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Palavras cristalizadas

Eugénio de Andrade diz “São como um cristal, as palavras.” A ciência diz que um diamante dura mais do que qualquer ser humano. Haverá melhor correspondência do que esta? Talvez o autor, neste caso concreto, esteja a referir-se apenas à beleza que associamos aos cristais, à preciosidade que lhes atribuímos. Contudo, a poesia é para ser interpretada com o carácter mais original possível. E eu, que ando ainda no ABC da escrita, estabeleço esta correspondência, porque não existe na minha vida nada de que eu goste mais. Brinco, assim, com aquilo que me seduz e aquilo que estudo.
Nada se sobrepõe à junção de letras que constituem a palavra “amo-te”. A palavra “amizade” é tão abstracta que são raras as vezes em que podemos ter a certeza que estamos perante ela. E o “perfeito”? Adjectivo mais incompreensível, não podiam ter inventado. Perante isto, penso na insignificância das minhas palavras. E penso ainda “e depois?”, embora sem qualquer objectivo. Por que não continuar a escrever apenas pelo gozo que me dá fazê-lo? A satisfação de poder brincar com as letras, formando palavras insignificantemente “perfeitas”, é talvez a melhor parte.
Mas voltando à temática inicial, permitam-me reafirmar que não há nada mais duradouro do que uma palavra. Um gesto desmente-se, um sentimento apaga-se, uma relação acaba. Mas todas as palavras ficam, não esquecem, perduram, permanecem, subsistem … Tanto as boas como as más, tanto as “perfeitas” como as mais indesejáveis, duram para sempre. Duram mesmo que não haja quem as escute…

Joana Oliveira, nº 15, 11ºE

2 comentários:

Anónimo disse...

Vê-se que tens o prazer de ler. Se assim não fosse, como terias o prazer de escrever? Prossegue! O poeta que te inspirou vai continuar a revelar-te a beleza das palavras. Mesmo quando parecem efémeras. Mesmo quando são "orvalho apenas".

Anónimo disse...

está mesmo muito giro, acho que este é o melhor texto que já escreveste