sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Há uma forma lógica no discurso artístico?

Numa obra de Arte, no discurso artístico, há sempre a preocupação por parte do autor/criador de passar uma mensagem ao receptor/público. Essa mensagem pode dizer-se que é uma espécie de argumento utilizado pelo artista para exprimir a sua relação com o mundo.
Um argumento é o conjunto de proposições organizadas, de modo a defender uma tese (conclusão), através da utilização de premissas. Essa utilização de premissas é muito importante já que um argumento não é válido sem elas. Um argumento para ser válido, não precisa de ser verdadeiro, mas sim as premissas serem relacionadas com a conclusão. Um argumento para ser válido tem que, por exemplo, de premissas verdadeiras ser impossível derivar conclusões falsas, já que se concordamos com as premissas não podemos refutar a tese final. A forma lógica é a estrutura de um argumento expressa no modo como estão relacionadas as diferentes proposições que o constituem, independentemente do seu valor de verdade ou conteúdo. Um argumento tem que ter uma estrutura independentemente da conclusão ser falsa ou não.
Para concluir, eu creio que no discurso artístico há uma forma lógica, já que, o argumento utilizado através da mensagem não é dependente do seu valor de verdade mas sim da maneira como as suas diferentes proposições estão relacionadas.

Tiago Madaleno , nº27 , 11ºA

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O impacto da guerra na sociedade

A guerra altera o quotidiano das pessoas directa e indirectamente. A sua influência não se processa apenas enquanto esta decorre, quando priva as pessoas do seu dia-a-dia normal, mas também após terminar, pela destruição e marcas psicológicas que deixa.
A política, o poder, os interesses económicos e religiosos são os grandes causadores da guerra, ainda que o ambiente de violência em que o povo vive possa contribuir para essa situação. As crianças que crescem em tais ambientes desenvolvem uma personalidade propícia a futuros conflitos. O cenário da guerra modifica o quotidiano dos cidadãos. É impossível imaginar uma rotina diária que implica a ida para o emprego ou para a escola, quando a própria sobrevivência está em causa. Os projectos futuros ficam limitados e perdem significado, pois viver mais um dia torna-se o único objectivo. O nível de violência a que as pessoas assistem gera inseguranças que fazem esquecer qualquer ambição. Deste modo, o quotidiano é gerido pelo espírito de sobrevivência.
A ideia mais comum é que o quotidiano regressa à normalidade após o desfecho do conflito, mas tal não é verdade. Não podemos esquecer as marcas psicológicas que perduram e as consequências ao nível sócio-económico que irão manter-se muitos anos.
Em suma, as consequências da guerra são maioritariamente a longo prazo, estando muito para além do conflito em si. A estabilidade pessoal e social demora até ser novamente alcançada.

Marta Lopes da Silva, 12ºB N.º 21

Auto-retrato (Desenho a tinta da china e grafite)

Ana Raquel, nº 3, 12-A

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

E o Q?

Olhei para o relógio. Eram 8h10min. Estava na hora de sair de casa. Peguei na mochila, vesti o casaco e saí. Ao chegar junto da Biblioteca Municipal, comecei a ouvir muito barulho. Vozes, buzinas de carros, mas não percebia o que diziam. Pensei: “Deve ser alguma manifestação, mas não me lembro de ter visto nada a respeito disso.”. Quando cheguei perto da escola, percebi que não era o que pensara, mas sim a campanha das listas candidatas para a Associação de Estudantes. Havia papéis colados no portão da escola com os slogans das duas listas, E e Q: “É ou não E?”; “Estás à espera de Q?”.
Muitos alunos poluíam o fresco ar matinal de gritos “Lista E” e “Lista Q”. Distribuíam panfletos com os membros da lista e o programa respectivo. A maioria das pessoas que ali se encontravam pertencia à E. Com algum custo, entrei na escola, e, aí, que confusão! O polivalente estava irreconhecível! Papéis e faixas a propagandearem, oferecendo um new look às despidas paredes deste espaço. A tão costumada campainha já tinha dado ares de sua graça, mas não convencia ninguém a cumprir os horários. Estavam todos noutra onda!
No primeiro intervalo da manhã, houve mais campanha, se é que assim se pode chamar! A escola em peso, no centro do polivalente, aquecia a voz com os sonoros slogans. Até o bufete, sempre cheio, estava “às moscas”! Só se ouviam gritos, mas ninguém dizia nada. E música? Parece que havia a intenção de a fazer ouvir… Voltei a ler o programa das listas. À semelhança dos políticos, muitas promessas! Falta saber se tais semelhanças também vão existir quando chegar a hora de as cumprir!
Tanta algazarra e tão pouca argumentação! Afinal, não deviam os candidatos apresentar com clareza o seu programa? Como optar por uma das listas se não há uma distinção perceptível entre elas? Votamos às escuras? Ai, se nestes candidatos temos os futuros governadores deste país! Que cenário tão decadente se adivinha!
Mas sejamos optimistas! Provavelmente fui eu que andei distraída e não me apercebi que até houve uma campanha organizadinha…
Se o E é ou não é, não sei. Esperava o Q? Também não sei.
Vamos ver como tudo corre e tenhamos esperança de que a jovem Associação de Estudantes dê uma cara lavada à nossa escola!

Marta Figueiredo 11ºB, nº16

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O meu lugar

Não tinha sítio para onde ir, por isso saí de casa à espera de chegar a algum lado. Os metros cheios de pessoas sufocavam-me, o mp3 berrava-me uma música inaudível. Perdida de tanto pensar, saí. Saí o mais rapidamente que pude. Pelo meu caminho encontrei o rio, fixei-o como se fosse a última vez que nos víamos e segui caminho.
Quando caminhava na rua apercebi-me que estava perdida, nada sabia. Sentei-me numa paragem de autocarros. Avalanches de pessoas apressadas ora chegavam ora iam, numa correria frenética, sem olhar à sua volta, julgando que tinham para onde ir. E estive assim, tempos infinitos, fixada nas caras dos que me rodeavam. Então, lá sentada fundi-me com a paragem e observei.
Pensei, sem querer pensar. E os pensamentos cruzavam-se a alta velocidade na minha cabeça. E foi como se o tempo parasse mas estivesse a voar ao mesmo tempo. E tudo fez sentido.
Nos olhos vagos dos que iam passando, percebi que eles é que estavam perdidos. Eu, ao contrário deles, cheguei ali espontaneamente, eu estava destinada a estar ali. Eu pertencia à paragem. Percebi que as minhas ânsias do dia-a-dia me faziam perder-me, tal como eles estavam perdidos. Eles caminhavam sôfregos do tempo, da alma, do caminho, do mundo… Sem no entanto se aperceberem de que o nosso caminho é mais do que chegar a casa ou a qualquer outro sítio. Todo aquele tempo pensei que estava perdida, mas não estava. E uma vez mais, o destino preveniu-se para mim. O autocarro que seguia para “sonhos” parou naquela paragem.
E porque o mais perdido é aquele que vive na ilusão de que tem um lugar para onde chegar; levantei-me, fundi-me na multidão dos que passavam, esperando não me voltar a perder.

Diana Amaral, 11ºB

domingo, 16 de novembro de 2008

Visita de estudo (“Porto Barroco”)

Igreja do Convento de Santa Clara


Igreja de S. Francisco – 5 de Novembro de 2008 – 11º D


Igreja de S. Francisco – 6 de Novembro de 2008 – 11º E

Em forma de diário

Gaia, 5 de Novembro de 2008 – Em marcha lenta e protegidos por um sol inesperado, deixámos a Escola Almeida Garrett e fomos apanhar o transporte que nos colocou perto de Santa Clara, o início do nosso percurso barroco.
Desembocámos a meio da Avenida D. Afonso Henriques. Baixámos os olhos para S. Bento, e prometemos ir observar, um dia qualquer, os painéis históricos do casamento de D. João I com Dona Filipa de Lencastre; levantámo-los, em seguida, mas a cortina da Sé Catedral obrigou-nos a reparar em Vímara Peres, “Conde de Portucale” (820-873), petrificado, imponente, como a prever: Aqui será abençoada a “Ínclita Geração”! Subimos uns metros, sem pressa, voltámos à esquerda e lá nos esperava, escondida pelo biombo do Aljube, a recatada Santa Clara.
No exterior, comparámos o portal barroco da portaria do convento com o renascentista da Igreja. Transpusemos este último e encontrámo-nos na sombria “igreja – salão” de modelo jesuíta. Santa Clara, no painel desmaiado de Joaquim Rafael, parecia convidar-nos à contemplação. Mas, um pouco perturbados pela escuridão, pelo silêncio, pela decoração, fomos desanuviando, graças (imaginem!) à envergonhada roda dos enjeitados, ainda preservada, a fazer-nos lembrar as novelas românticas de Camilo. Tudo o mais, mas o principal, eram retábulos em rica talha dourada, quer do primeiro barroco português, quer do barroco joanino: colunas salomónicas, anjos, sanefas, florões… E santa Clara (não a do painel, mas a da escultura) lá continuava, solitária, tristonha e intimidada, naquele riquíssimo cenário, que é a Capela-Mor.
A porta voltou a ranger à despedida, e retomámos o nosso itinerário, descendo a Rua das Flores: de um lado e de outro, alfarrabistas, ourives, restos de casas brasonadas; ao fundo, o Largo de S. Domingos; logo abaixo, a Bolsa exibindo a companhia do Infante D. Henrique; mais uns passos, e estávamos a subir o escadório de S. Francisco.
Eram onze horas e trinta. A pontualidade e a atitude foram ponto de honra dos alunos do 11º D, já resignados a abandonar a reconfortante visão do rio Douro, preguiçoso e ensolarado, para serem recebidos na menos sombria e mais arejada Igreja de S. Francisco da Ordem Terceira.

Porto, 6 de Novembro de 2008 – A chuva deixara de ameaçar-nos. Um sol fraco teimava em desfazer a densa neblina ainda a repousar sobre o Douro e o casario das suas margens. Entrámos com vontade no interior de S. Francisco.
Fisicamente mais aconchegados, repetimos, obedientes, os passos da guia, que nos mandou “tomar assento” a meio da nave central. Ao agradável impacto inicial do “contraste” com Santa Clara, seguiu-se a consciencialização das múltiplas sensações que nos envolviam de várias formas: o espaço, dividido por três naves assentes em colunas encimadas por arcos ogivais, permitia-nos respirar melhor; a luz que penetrava pelo vitral do transepto contribuía para o deslumbramento do olhar, realçando a variedade escultural e cromática da “Árvore de Jessé”, evidenciando a expressiva “Senhora da Soledade”, protegida pelo belíssimo portal “rocaille”, e revelando a de mais exuberante decoração barroca, ostentada no Altar-Mor e nas capelas de algumas famílias burguesas portuenses; a música de fundo gregoriana transportava-nos para tempos idos, assistindo a renhidas pregações trocadas entre os dois púlpitos que rematam a nave central. Com o mesmo interesse, observámos o que ainda resta do fresco mandado pintar por D. João I e ouvimos a lenda que em Miragaia baptizou de “alcoviteiro” o S. Francisco da escultura românica que dá as boas vindas a quem é recebido na nave lateral direita.
Terminámos com uma descida rápida ao cemitério catacúmbico e uma entrada na “Sala do Tesouro”. Aqui, pudemos admirar objectos de arte sacra, peças de porcelana, algumas esculturas e duas telas de Vieira Portuense.
Não quisemos regressar sem trazer a tiracolo uma lembrança dos alunos (11ºE) e professoras participantes. Por isso, fizemos “pose” diante da fachada principal.

Mauridina Figueiredo

Quem quer escrever a página seguinte? O convite está feito.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Apresentação de "O Cantico Negro"

Conforme foi previamente noticiado, os alunos de “Oficina de Teatro”, do 8º ano, turma-B, fizeram a apresentação à comunidade escolar do poema de José Régio, “O Cântico Negro”. Numa encenação teatral, onde o envolvimento de todos os alunos resultou num trabalho de equipa bem conseguido, sobressaiu a qualidade de interpretação, reconhecida através dos mais diversos comentários de quem teve a oportunidade de assistir. Estão de parabéns todos os alunos deste grupo de trabalho, não só pelo excelente momento de poesia que proporcionaram à comunidade, mas também pelo contributo que deram na sensibilização dos mais novos para a esta vertente da expressão escrita, muitas vezes por eles pouco apreciada e até, nalguns casos, rejeitada. Foi sintomático verificar ter havido alunos de 7º e 8º anos unificado que assistiram a três ou quatro apresentações consecutivas deste espectáculo. Fica também aqui um agradecimento, em nome deste grupo de alunos, a todos aqueles que enalteceram a forma como eles se empenharam na concretização deste trabalho. A motivação que encontrei por parte de todos eles em todas as fases da montagem desta encenação foi para mim muito gratificante e encorajador para outras “aventuras”.

Um muito obrigado a todos!...

Albino Dias (Prof. de “Oficina de Teatro”)

Palavras cristalizadas

Eugénio de Andrade diz “São como um cristal, as palavras.” A ciência diz que um diamante dura mais do que qualquer ser humano. Haverá melhor correspondência do que esta? Talvez o autor, neste caso concreto, esteja a referir-se apenas à beleza que associamos aos cristais, à preciosidade que lhes atribuímos. Contudo, a poesia é para ser interpretada com o carácter mais original possível. E eu, que ando ainda no ABC da escrita, estabeleço esta correspondência, porque não existe na minha vida nada de que eu goste mais. Brinco, assim, com aquilo que me seduz e aquilo que estudo.
Nada se sobrepõe à junção de letras que constituem a palavra “amo-te”. A palavra “amizade” é tão abstracta que são raras as vezes em que podemos ter a certeza que estamos perante ela. E o “perfeito”? Adjectivo mais incompreensível, não podiam ter inventado. Perante isto, penso na insignificância das minhas palavras. E penso ainda “e depois?”, embora sem qualquer objectivo. Por que não continuar a escrever apenas pelo gozo que me dá fazê-lo? A satisfação de poder brincar com as letras, formando palavras insignificantemente “perfeitas”, é talvez a melhor parte.
Mas voltando à temática inicial, permitam-me reafirmar que não há nada mais duradouro do que uma palavra. Um gesto desmente-se, um sentimento apaga-se, uma relação acaba. Mas todas as palavras ficam, não esquecem, perduram, permanecem, subsistem … Tanto as boas como as más, tanto as “perfeitas” como as mais indesejáveis, duram para sempre. Duram mesmo que não haja quem as escute…

Joana Oliveira, nº 15, 11ºE

terça-feira, 11 de novembro de 2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces...

Assim começa um dos mais carismáticos poemas de José Régio, “O Cântico Negro”, que será apresentado à comunidade escolar, numa encenação teatral, no próximo dia 11, pelos alunos do 8º Ano, Turma B, a frequentarem a disciplina de "Oficina de Teatro".

Como surgiu este trabalho?...
A declamação do poema “Cântico Negro”, de José Régio, começou por ser apenas um dos vários exercícios realizado na disciplina de “Oficina de Teatro” com a finalidade de desenvolver competências específicas nesta área, levando os alunos a trabalhar a colocação de voz, a entoação e a interpretação de emoções. No entanto, a fibra emocional e a carga interpretativa que alguns alunos começaram a colocar na abordagem a este poema levaram-me a sentir a necessidade de ir mais além, partindo para uma encenação teatral, onde pudesse envolver todos os alunos e explorar as diversas áreas técnicas inerentes a um trabalho de encenação. Nessa perspectiva foram criadas equipas de trabalho que, de forma articulada, permitiram a criação e a apresentação de um espectáculo simples, mas sintomático de uma motivação acrescida e de uma capacidade de trabalho em grupo que deverá ser digna da admiração de todos aqueles que, como eu, trabalham em prol da formação destes jovens.
Não sendo um texto dramático, o “Cântico Negro”, outrora declamado por excelentes actores que fizeram a história do teatro Português, como João Villaret, por exemplo, é apresentado à comunidade escolar pelos alunos do 8º Ano, turma–B, como um pequeno espectáculo teatral sem que seja beliscada a sua natureza poética.
Albino Dias (Prof. da Disciplina de "Oficina de Teatro")

segunda-feira, 3 de novembro de 2008