segunda-feira, 10 de maio de 2010

Página de diário

Porto, 11 de Março de 2010 – Hoje escrevo para relembrar. Relembro memórias da minha infância inocente e pura.
Se alguma coisa me fascinava em criança, e provoca agora em mim alguma saudade, eram as viagens de barco realizadas no Verão, com a minha família. Lembro-me bem da minha primeira viajem marítima. Tinha cinco anos e uma fome imensa de descobrir ‘novos mundos’, experimentar novas sensações.
O meu avô, pescador, tinha alma de marinheiro e ansiava que lhe seguisse as pisadas. Então, em meados de Julho, num dia de mar pouco atribulado, acordou-me bem cedo e explicou-me que me ia mostrar algo fascinante, algo mágico, mas que eu, contrariamente ao que era normal em mim, não conseguia adivinhar.
Pegámos nas chaves de casa e, pé ante pé para acordar ninguém, saímos de casa. Uma enorme curiosidade abraçava a minha cabeça e bloqueava os meus pensamentos.
Chegámos ao porto naval. Ele tinha um barco próprio e eu fiquei embasbacado ao reparar na beleza do mesmo. Entrámos no barco, sorri e, apesar de finalmente ter percebido, perguntei:
_ Avô, o que vamos fazer?
Ele passou a mão pela minha cara, ternamente, e calou-se. Ligou o motor e levou-me para as águas cristalinas da Ria Formosa algarvia. Vimos peixes, polvos; vimos camarões e gaivotas. Senti-me livre e feliz!
Oh, quem me dera ter verdadeiras razões para voltar a sentir o que senti, e agradecer, no fim, da forma mais sentida:
_ Obrigado, avô, és o maior!

Tomás Garcez, nº28, 10º I

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