quinta-feira, 10 de março de 2011

Página de Diário

Vila Nova de Gaia, 16 de Fevereiro de 2011

Querido diário,

Para começar, estou completamente estafada, mas contente. Hoje esperava-me um grande dia como já te tinha contado. Ia ver a peça “Deixemos o Sexo em Paz” de Dario Fo. Um divertidíssimo monólogo representado pela actriz Maria Paulos e encenada por Carlos Gualdino. Encontrava-me super ansiosa pois adoro ir ao teatro.
Então, encaminhei-me para a escola às oito e dez da madrugada. Uma manhã de Quarta--feira como todas as outras. A mesma correria. O mesmo stress que dá cabo de mim. Mal entrei na sala quinze do pavilhão amarelo, já o setôr de Matemática lá estava à espera que nos decidíssemos a deixar o sono para trás das costas e prontos a fazer mil e uma contas e um milhão de gráficos que, sinceramente, me tiram do sério. À medida que os minutos e depois as horas passavam, o sono lá se foi desvanecendo para dar lugar à ansiedade. Íamos ao teatro! Por uma vez na vida, uma recompensa por nos sacrificarmos a vir fazer, logo às oito da manhã de um dia frio, mil e uma contas e um milhão de gráficos. Talvez Deus exista. Assim que o ponteiro atingiu as nove e quarenta, o setôr deu a aula por concluída enquanto a setôra de Português entrava na sala e nos organizava. Finalmente, saímos da escola e encaminhámo-nos para as traseiras da Biblioteca Municipal. A nossa turma foi a primeira a chegar e o orgulho na cara da minha setôra de Português era evidente. Somos criaturas muito bem comportadas! Deixaram-nos entrar em primeiro lugar na sala de teatro e aquele ambiente quente envolveu-me, prometendo uns momentos bem passados. Depois de nos sentarmos, as outras turmas foram entrando e a divisão encheu-se lentamente até que estávamos todos prontos para o espectáculo. As luzes desapareceram, a voz de um senhor preparou-nos para o que aí vinha e Maria Paulos já estava em palco, pronta para começar.
Fiquei muito impressionada com a peça e a forma de organização. A actriz interpretou esplendidamente uma conferencista que apresenta factos do dia-a-dia ao seu público dentro de temas como “Os Pais e o Sexo”, “A Minha Primeira Experiência Sexual”, “A Menstruação”, “A Virgindade”, “Os Rapazes e as Suas Inseguranças”. Tudo isto encontrou-se envolvido numa profunda comicidade, mas, ao mesmo tempo, numa explicação e desmistificação sérias dos assuntos do sexo que ainda hoje são tabus. Salientou-se que é importante estarmos bem informados acerca dos perigos que acarreta para as nossas vidas, mas que, uma vez que a história esteja explicada e aprendida, podemos deixar o sexo em paz e dar também valor aos sentimentos que nutrimos uns pelos outros.
Fiquei sem ar de tanto rir e de certeza que repetiria a experiência. Adorei o facto de nos terem dado esta oportunidade de nos libertar e ajudarem-nos a lidar com os tabus de uma forma menos solenizada e mais leve pois, de uma maneira ou de outra, não podemos negar que fazem parte da nossa vida. Enfim, tenho de ir. Logo conto-te mais.
Um abraço,

Ana Sofia, 10ºB - nº4

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