quinta-feira, 17 de março de 2011

Página de Diário

16.02.11
Querido Diário,
Continua a chover…
Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.

Fernando Pessoa

Este tempo deixa-me muito nostálgica, pensativa... E, por isso, enquanto olho a chuva a cair e ouço o vento, resolvi partilhar as minhas reflexões contigo.
Sabes, dei comigo a pensar que uma das coisas mais curiosas no nosso planeta é a eterna busca do ser humano pela liberdade. Hasteiam-se bandeiras em seu nome, luta-se, morre-se e mata-se por esse direito dito "inalienável" do ser. Mas o que será a liberdade para cada um de nós? Será que todos queremos dizer a mesma coisa quando nos referimos a ela?
Será que os povos Árabes, que agora se revoltam em imensos países, lutam pela mesma liberdade que nós conhecemos? Eu penso que a liberdade em que eles acreditam é um pouco diferente da nossa, devido ao fundamentalismo religioso. Mas, de qualquer forma, acho muito bem que se altere o poder instituído há imensos anos nesses países.
Como vimos na aula de Filosofia, a liberdade qualifica a independência do ser humano, já que lhe permite agir autonomamente, tendo sempre subjacente a responsabilidade.
A minha geração já nasceu num país livre, usufruímos de um direito que outros conquistaram com muito esforço.
Bom, comparando com o passado, a nossa vida é bem diferente, temos acesso a todo o tipo de informação e à liberdade de expressão. Hoje em dia, não há assuntos proibidos! Falar de sexualidade, por exemplo, já não é tabu, os adolescentes de hoje são a geração mais bem informada de todos os tempos! Temos educação sexual na escola, podemos ler artigos a esse respeito nas revistas, a televisão também ajuda, e, se restar alguma dúvida, há sites na internet ou familiares/professores que respondem a qualquer questão sobre o tema.

Hoje, fui ao teatro com a minha turma no âmbito da disciplina de Educação Sexual. E, na verdade, quando me disseram que ia ver a peça ”Deixemos o sexo em paz”, pensei para comigo: pronto, lá vou eu ouvir algo monótono e aquilo que já sei outra vez repetido…
Mas, vê lá tu, aconteceu exactamente o contrário! Afinal era um monólogo, interpretado por uma actriz fantástica, com uma expressividade incrível, uma daquelas pessoas que consegue mudar de tom de voz muito rapidamente para encarnar diferentes personagens. Adorei!
A peça transportava-nos para um tempo onde o sexo era visto como um tabu, pois pouco se conversava sobre o tema, e os jovens associavam-no a uma ideia parecida com a de um planeta distante, intocável e misterioso. Foi bem conseguida a ponte que é feita, entre o modo como a sexualidade é vista nos dias de hoje, e a forma como era encarada no passado. Responde a perguntas básicas e aborda problemáticas que são actuais, como a gravidez indesejada e as doenças sexualmente transmissíveis.
Em jeito de conclusão, posso dizer que foi uma surpresa muito agradável ver este tema tratado numa peça de teatro. Como reflexão, registo que a informação nos confere a capacidade de decidir, de fazer escolhas e poder agir com liberdade.

Bem, por hoje é tudo!
Beijinhos e até amanhã,
Inês.

Inês, nº8,10ºC

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