domingo, 24 de janeiro de 2010

A Exuberância do Barroco

Exuberante, bizarro, provocador, excessivo, exaltado, extravagante, excêntrico, são as palavras que melhor definem o estilo que sucedeu ao Renascimento Clássico por toda a Europa, o Barroco.
Este novo estilo surgiu após uma época de expansão para o Homem, a época dos Descobrimentos, em que os portugueses tanto se destacaram. O contacto com novos mundos e novas formas de vida enriqueceu os seus conhecimentos e abriu horizontes para criar e inovar. Numa Europa cansada do equilíbrio do Classicismo e da sua arte formalmente rígida e pouco criativa, nasceu o Barroco e a sua estética cheia de imaginação e de exuberância. Este era o Barroco que mostrava a sua riqueza de forma destemida e imponente, exaltava, surpreendia, despertava emoções e apelava ao espírito crítico, não deixando ninguém indiferente. Pode-se dizer que o Barroco ultrapassava os limites do que era coerente e real para o Homem, alimentando o seu espírito e sobretudo a sua imaginação. Era, sem dúvida, um riquíssimo espectáculo que mexia com os sentidos e as emoções e que merecia (merece!) ser vivido e apreciado com gosto. O Barroco marcou intensamente as várias formas de arte. Da Retórica, à Arquitectura, passando pela Pintura e pela Escultura.
O meu contacto com o Barroco, quer ao nível da Retórica (Sermão de Santo António aos Peixes) quer da Arquitectura (visita ao Porto Barroco) permitiu-me sentir a exuberância da sua forma. O Sermão de Santo António aos Peixes é uma peça da oratória nascida no tempo de um Barroco rigoroso. Trata-se de uma obra repleta de provocações, extravagâncias e excessos que nos envolve emocionalmente pela sua teatralidade. Padre António Vieira conseguiu expressar as suas crenças e emoções de uma forma que se veio a revelar, para mim, incrivelmente perturbadora. A chave da sua autenticidade é a forma como utiliza a Língua Portuguesa, recorrendo, de uma forma intencionalmente excessiva, aos trocadilhos, às metáforas, às hipérboles, às perífrases e à sinonímia, à anáfora e ao paralelismo, à enumeração e à gradação e à pergunta retórica e à apóstrofe! Ao Quiasmo!
Por sua vez, na visita ao Porto Barroco, a Igreja de São Francisco no Porto expressa bem as características da arquitectura barroca. No momento em que entrei na Igreja, a talha dourada apoderou-se do meu campo de visão, atraindo a minha atenção.
A exuberância barroca pretende fascinar, e num e noutro caso, eu fiquei fascinada.

Maria Isabel Monteiro, Nº19, 11ºD

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