terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Vamos dar os vivas a um currículo estanque?

Eis a minha questão…
Deveremos apoiar o sistema educacional português? Será que todos apoiam ou serão apenas demasiado covardes para se opor?
Não pretendo falar do maravilhoso esquema do ministério da educação português para as escolas ou professores, pois essa batalha contra o governo já estão os portugueses fartos de travar; anseio, sim, por falar do nosso currículo para entrada na faculdade, ao qual ninguém parece opor-se.
A verdade é que uma vez que um aluno português chega ao fim do 9º ano tem de escolher o curso em que ingressar, Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas, Ciências Humanísticas ou Artes - a decisão que tomar vai comandar o resto da sua vida (pelo menos em Portugal). Após iniciar esse curso, não poderá escolher assistir a nenhuma das outras disciplinas pertencentes a outros cursos, ou seja, está preso à decisão que tomou! Imaginemos que um qualquer aluno opta por frequentar o curso de ciências e tecnologias e após um ano nesse curso se arrepende e gostaria de mudar para outro curso - a verdade é que não pode, a não ser que volte para o 10º ano de escolaridade, o que na minha opinião é verdadeiramente um absurdo. Consideremos, então, uma outra situação hipotética: se esse tal aluno, que pretendia abandonar o curso de Ciências e assistir a outro curso, não quiser voltar ao 10º ano novamente, uma vez que até há disciplinas gerais para as quais já possui nota de 10º ano, esse aluno até poderá fazer os exames referentes ao curso que pretende, sem ser o de Ciências, mas ele será obrigado a continuar em Ciências e fazer todas as disciplinas para que finalmente tenha o diploma do 12º ano e as disciplinas às quais assistiu durante 3 anos não lhe serviram para rigorosamente nada!
Pergunto-me quantos alunos não se encontrarão na mesma situação e se sentem indignados com esta questão?!
E este sistema apenas funciona em Portugal. Será que os alunos portugueses são obrigados a ficar em Portugal no ensino superior? Sim, porque com um sistema assim é muito complicado para um aluno português ir estudar para fora do país com o nosso espectacular currículo estanque! Não temos qualquer equivalência fora de Portugal, nem as nossas disciplinas são iguais às outras, somos obrigados a ter disciplinas das quais muitas delas não nos servirão de nada na nossa vida futura. Penso que seria uma questão a debater, mas, reflectindo bem, num país com um Ministério da Educação como este, pôr este assunto em debate estaria completamente fora de questão uma vez que jamais ouviriam uma queixa de um estudante muito menos pondo em causa as suas fantásticas decisões.
Na minha opinião seria uma óptima ideia se alguém se questionasse acerca deste particular assunto uma vez que sou um desses alunos para o qual este sistema não serve, sou apologista do sistema escolar inglês, onde se escolhem as disciplinas que realmente utilizaremos no nosso futuro. Porque não pode um aluno português escolher ter Biologia e Desenho ao mesmo tempo? Porque tem mesmo de ser obrigado a assistir a algo que não quer e a fazer outra disciplina que queira por exame?
Perguntas sem respostas num país em que a opinião pública não conta.

Joana Gomes, 11º B nº27

1 comentário:

Pedro Barbieri disse...

Para te ser sincero, não tenho grandes conhecimentos sobre o sistema escolar inglês, e por isso não posso comparar o nosso sistema a esse. Tenho apenas a dizer que acho que tens razão no que dizes, penso que o nosso sistema educacional deveria sofrer grandes reformas. Além se de permitir a mobilidade entre cursos no secundário, deveria existir uma articulação entre os diferentes modelos a nível europeu (para que é que fazemos parte da União Europeia? Para receber fundos comunitários?), deveria ser possível escolher as disciplinas específicas sem estar condicionado pelo número de alunos que quer a mesma disciplina. A mim, não me deixaram ter Geometria Descritiva em no curso de Ciências e Tecnologias, porque todos escolheram Biologia e Geologia. Ora eu tenho lá culpa que metade da escola queira ir para Medicina (ou que os respectivos pais queiram ter filhos médicos...), eu quero ir para Engenharia, e Biologia não me serve para nada. Já Geometria era capaz de dar jeito (não sei, Desenho Técnico talvez tenha a ver...). Bem, mas este é o meu caso, tu tens o teu... No entanto, parece que o problema deste governo, e do anterior, e do antes desse, é que adoram agarrar-se ao que está feito. Não sei, mas aposto que o modelo de educação em vigor é dos anos 80, com poucas alterações.
Por exemplo, o ano passado soube que estava cá um aluno italiano em intercâmbio, a estudar durante um período. Eu quis saber o que tinha de fazer para ir estudar para fora, porque achei que poderia ser interessante... Fui à secretaria da escola, e lá só faltou rirem-se de mim e dizerem "Olha, este quer ir estudar para o estrangeiro...". Não me souberam dizer se havia um professor responsável, se havia algum formulário a preencher, ou sequer um panfleto. Fui ao site do programa de intercâmbio (programa Sócrates (o grego, não o português)) mas lá as informações eram vagas e remetiam para a escola de novo... Depois de falar com uma professora que estava dentro do assunto, percebi que havia uma turma que era seleccionada para o programa (não sei muito bem como...), e um dos alunos dessa turma podia ir estudar para fora. O que quer dizer que não é possível ao comum mortal ir estudar para fora.
Portanto, e em suma, acho que deves manter a tua opinião firme e lutar pelos teus direitos e sonhos, que isso nenhuma ministra te consegue tirar.

Cumprimentos,

Pedro Barbieri